Embora a inflação em Belo Horizonte esteja em nível inferior ao pico registrado em maio deste ano, a alta de preços acumulada em 2013 e nos últimos 12 meses tem comprometido a renda do consumidor e aumentado os níveis de inadimplência. Foi o que apurou a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL-BH) em setembro. No entanto, a entidade observou também que o número de cancelamentos de registros está aumentando, possivelmente em virtude dos bons índices de emprego e renda da região metropolitana.
No acumulado deste ano até setembro, o número de registros no Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) aumentou 3,59%, enquanto que na comparação com agosto a alta chegou a 0,9%. Somente em relação a setembro do ano passado é que houve uma ligeira queda, de 0,11%. O maior número de inadimplentes (86,51%) está na faixa de quem deve mais de R$ 250,00.
Para a economista da CDL, Iracy Pimenta, a queda no consumo - que já tem sido identificada na pesquisa "Termômetro de Vendas", feita pela CDL-BH - e esse aumento da inadimplência reflete não apenas uma certa desorganização financeira das famílias, mas também a elevação dos preços.
Segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-Ipead), no acumulado de janeiro a agosto, a inflação em Belo Horizonte alcançou 3,92%, e nos últimos 12 meses chegou a 5,84%, próximo ao teto da meta estipulada pelo Banco Central, de 6,50%. Pelas contas do IBGE, a alta dos preços no período foi ainda maior, de 6,09%.
"A inflação deu uma arrefecida nos últimos meses", reconhece Iracy. De fato, segundo o Ipead, desde maio a variação na capital mineira tem se mantido mais baixa em relação ao país, de 0,29% no quinto mês do ano, caindo para 0,2% em junho; 0,06% em julho e 0,10% em agosto. Mas, no acumulado do ano, observa, a alta dos preços em 3,59% já começa a provocar os seus efeitos, prejudicando a capacidade de pagamento do consumidor.
"Vamos aguardar a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) que termina hoje para ver se haverá aumento da taxa básica (Selic)", indicou Iracy, lembrando que esses aumentos de juros já começam a ser percebidos no comércio, principalmente "em compras parceladas", afirma. A Selic, que hoje está em 9%, pode subir mais 0,5 ponto percentual hoje, em março estava em 7,25%. Se por um lado essa medida ajuda a conter a alta dos preços, por outro pode contribuir para o aumento da inadimplência.
Cancelamentos - Na comparação mensal, aumentou o número de registros no SPC e caiu o de cancelamentos. Em setembro, houve queda de 0,19% na regularização dos débitos junto à CDL-BH frente a agosto. Mas, em relação ao mesmo mês do ano passado, foi apurado um crescimento de 0,73%. No acumulado do ano a entidade apurou um número de cancelamentos 2,78% maior do que no mesmo período do ano passado.
Esse aumento no número de cancelamentos no acumulado do ano e dos últimos doze meses reflete, na avaliação de Iracy, os bons índices de emprego e de renda na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH).
Segundo Pesquisa Mensal do Emprego do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referente a agosto deste ano, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, a taxa de desemprego se manteve em 4,3%, mesmo índice de julho/13 e agosto/12. O rendimento médio apurado na RMBH foi de R$ 1.870,50, valor 2,82% maior que julho/13 e 2,41% maior do que agosto/12. No Brasil a taxa de desemprego em agosto foi de 5,3%.
Veículo: Diário do Comércio - MG