Comércio fecha 2013 com o pior resultado em dez anos

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No acumulado do ano passado, avanço foi de 4,3%, segundo o IBGE


As vendas no varejo brasileiro registraram queda de 0,2% em dezembro, na comparação com novembro, de acordo com a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) divulgada pelo IBGE nesta quinta-feira. Foi o primeiro resultado negativo após nove meses de alta. No acumulado do ano passado, o setor avançou 4,3%, o menor resultado em dez anos. A receita nominal em dezembro cresceu 0,5% sobre novembro, e acumulou alta de 11,9% em 2013, ainda segundo os dados do IBGE.

Analistas estimavam que as vendas teriam alta de 0,4% em dezembro sobre novembro, de acordo com a mediana de 21 projeções que variaram de queda de 0,2% a alta de 2,8%. Para a comparação anual, a expectativa era de ganho de 5,1% na mediana de 21 estimativas, com os números variando de 3,9 a 6,2%.

Pressionado, segundo o IBGE, pela desaceleração do ritmo de crescimento da massa real de salário, o segmento de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo avançou apenas 1,9%, contra alta de 8,5% em 2012. Ainda assim, teve o maior peso no índice, respondendo por 22,6% da taxa registrada.

Por serem essenciais, os artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria tiveram alta acima da média do setor, de 10,1% em relação ao ano anterior. O segmento respondeu por 15% da taxa total. No comércio varejista ampliado, que considera os segmentos de carros, motos, partes e peças e de material de construção, a queda na comparação com novembro foi ainda maior: 1,5%. O acumulado do ano mostrou alta de 3,6%, depois de expansão de 8% em 2012. Já a receita teve queda de 1% em dezembro sobre novembro, e alta de 8,9%.

Em novembro, as vendas no varejo brasileiro haviam registrado alta de 0,7% e a receita nominal, de 1,1% sobre outubro, acumulando avanço de 12% entre janeiro e novembro, e de 11,9% em 12 meses.

Os resultados do comércio em dezembro e no acumulado do ano passado frustraram as expectativas de analistas e indicam que o consumo das famílias tende a desacelerar tanto no fim do ano passado como no começo de 2014. O consumo é o principal motor do PIB, com peso de cerca de 60%. Para os economistas do Bradesco, a queda do varejo, de 0,2% em dezembro, “surpreendeu negativamente” e sinaliza “alguma moderação do consumo das famílias no início deste ano”, embora a previsão ainda seja de expansão do indicador no quarto trimestre. O banco previa uma alta de 0,6% para o comércio em dezembro.

O índice mais fraco do varejo, aliado a outros dados já divulgados, corroborou para a expectativa da instituição para uma “desaceleração do PIB na passagem do quarto trimestre de 2013” para o início deste ano. O banco projeta uma retração de 1,5% para o IBC-BR de janeiro, índice do Banco Central que sinaliza o desempenho do PIB e que trará os dados do primeiro mês do ano divulgados amanhã.

O IBGE apresentará só em março os resultados do PIB oficial do quarto trimestre e do ano de 2013. No terceiro trimestre, a economia encolheu 0,5% frente aos três meses anteriores.

Analistas esperam uma alta em torno de 0,5% e 0,7%, o que praticamente só recupera a perda registrada entre julho e setembro. Para o ano fechado, as previsões são de uma expansão entre 2,1% e 2,3%.

Para o Bradesco, o crescimento de 4,3% do comércio em 2013 reflete a “baixa taxa de desemprego” e os “reajustes salariais em níveis elevados.” O desempenho, porém, é inferior à expansão de 8,4% em 2012.

Já Aleciana Gusmão, técnica do IBGE, diz que o resultado mais modesto do varejo se deve ao menor crescimento da massa salarial diante da desaceleração do emprego e do rendimento, embora o mercado de trabalho tenha se mantido aquecido. Soma de todos os salários e remunerações a todas as pessoas ocupadas e indicador de quanto de recursos oriundos do trabalho é injetado na economia, a massa salarial cresceu 2,9% em 2013, menos do que a expansão de 2012 (6,5%).

A inflação maior, dizem analistas, também contribuiu e afetou o desempenho de muitos setores, como o de supermercados, alimentos e bebidas, cujas vendas cresceram apenas 1,9% em 2013. Em 2012, a atividade havia registrado expansão de 8,5% e fora a de maior peso no bom desempenho do comércio naquele ano. Para 2014, é esperada uma inflação menor de alimentos e uma retomada das vendas dos supermercados diante dessa melhora. A consultoria prevê um crescimento de 4% para as vendas do varejo como um todo pouco abaixo dos 4,3% de 2013.  Se em 2012 o destaque ficou com os supermercados, o setor que mais contribuiu para o avanço das vendas em 2013 foi o de outros artigos de uso pessoal e doméstico, ramo que agrega as lojas de departamento.



Veículo: Jornal do Comércio - RS


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