Impacto da Copa do Mundo na economia deve ser positivo

Leia em 3min 30s

O impacto da Copa do Mundo no Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil deve ser mais positivo do que negativo. Segundo especialistas consultados pelo DCI o aumento das vendas do varejo e o incremento do turismo devem compensar os dias parados por conta dos jogos.

Para o economista da Fundação Instituto de Administração (FIA), Carlos Honorato, "o impacto até vai ser positivo em termos de turismo, mas acho que o PIB não vai ser tão influenciado pela Copa. Hoje em dia eu não seria tão dramático com os dias parados, temos mais mobilidade de lojas que abrem de domingo e funcionam via internet", disse.

Estudo da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), publicado no início do ano, aponta que as perdas ocasionadas pelos feriados nacionais e estaduais à indústria brasileira podem atingir R$ 45,5 bilhões em 2014, valor 2,8% maior do que o estimado para o ano passado. Isso significa dizer que a economia brasileira deixará de produzir até 3,6% do seu PIB industrial.

O estudo reforça ainda que esses custos serão ainda maiores casos sejam decretados feriados nacionais em dias de jogos da seleção brasileira na Copa do Mundo, além de feriados locais em estados e municípios que sediarão os eventos, conforme prevê a Lei Geral da Copa do Mundo Fifa 2014 de Futebol.

Segundo a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo, para cada 10% de trabalhadores (ou empresas) que não mantiverem as atividades nos feriados, o custo total em termos de perda de produto nas sedes da Copa e no País no caso de feriados nacionais é de quase 15 bilhões, ou pouco mais de 0,3% do PIB.

Para o professor da Faculdade Santa Marcelina (Fasm), Reginaldo Gonçalves, se espera que o comércio tenha um aquecimento de vendas por conta do mundial. " Vai haver uma maior demanda de pessoas que vão movimentar o setor de turismo e restaurantes". Por outro lado, o professor chamou a atenção para o fato de que os dias parados irão aumentar os custos das empresas que têm muita demanda de mão de obra.

Ele completa dizendo que é necessário criar algum aparato disso. "Isso está acontecendo em Itaquera ,na zona leste [de São Paulo] em que a construção do estádio criou mais desenvolvimento para a região". O professor se refere à "Arena Corinthians", estádio que vai abrigar a abertura do Mundial.

Já o professor Marcello Gonella, da Universidade Anhembi Morumbi, não acredita que o incremento do turismo será tão grande. "O turismo é muito pouco, pelo que vimos na compra dos ingressos a presença vai ser mais de brasileiros, não vamos ter um impacto muito grande. Com exceção do Rio de Janeiro, que fez algum incremento na sua rede hoteleira, a gente vai ter um impacto mais nos preços do que nos investimentos", disse. "O Brasil já vai parar por conta do ano eleitoral e também há uns quarenta dias que o País para, sem novos investimentos", completou.

Investimentos tardios


Todos os especialistas consultados pelo DCI apontaram o atraso dos investimentos em infraestrutura para a Copa como um problema. Para eles, o Brasil poderia ter aproveitado a oportunidade para resolver muitos problemas de infraestrutura do País.

O professor da FIA aponta que "a gente tem que diferenciar a questão do curto prazo e de longo prazo, quando o Brasil foi escolhido, se imaginava que fossemos ter obras de infraestrutura, aeroportos, portos, isso iria resolver muito a nossa falta de oferta de transportes, mas os aeroportos não ficaram prontos e esse impacto não vai acontecer no longo prazo", completou.

Para Gonella, o impacto maior seria se as obras tivessem sido feitas como o planejado. "O que melhor tivemos foi a mudança de postura do governo, com a concessão de portos e aeroportos, o governo não tinha outra solução para resolver a questão aeroviária", disse.

Ele explicou que um dos grandes incrementos dos aeroportos será no transporte de cargas, mas essas mudanças só serão sentidas no ano que vem. " No caso de passageiros vai haver um incremento para as companhias aéreas na época do evento", completou.


Veículo: DCI


Veja também

Vendas do varejo crescem 6,5% e surpreendem setor

Apesar do bom resultado, baixa competitividade do país preocupa o IDVApesar dos indicadores de crédito apo...

Veja mais
Preços dos alimentos ao consumidor devem subir, diz FGV

O aumento dos preços para os produtores (de 0,07% em fevereiro para 1,65% em março) é um indicativo...

Veja mais
Compras adiadas: Nível de consumo das famílias brasileiras atingiu menor patamar

O nível de consumo das famílias brasileiras atingiu neste mês o menor patamar desde 2010, segundo pe...

Veja mais
Varejistas levam a Mantega temor com o Custo Brasil

Empresários do segmento se reuniram com o ministro da Fazenda e fizeram um alerta sobre o risco de novo aumento d...

Veja mais
Vendas do comércio sobem 17,4% em fevereiro, aponta índice Cielo

O comércio varejista cresceu 17,4% no mês de fevereiro comparado o mesmo mês do ano passado, apontou,...

Veja mais
Interior já representa 4% do PIB do comércio

As cidades do interior já crescem duas vezes mais do que as capitais, puxadas pelo desenvolvimento do varejo. O s...

Veja mais
Varejo cresce acima do previsto

Os preços dos alimentos subiram em janeiro menos que o esperado, impulsionando as vendas nos supermercados e cont...

Veja mais
Vendas no país no início do verão crescem 12,6%

As vendas de cerveja no país no início do verão 2014 (inclui dezembro de 2013 e janeiro de 2014) cr...

Veja mais
Tendências aposta em varejo forte em fevereiro

O resultado positivo das vendas do varejo ampliado, que subiram 3,5% em janeiro contra o mesmo mês do ano passado,...

Veja mais