Apesar do bom resultado, baixa competitividade do país preocupa o IDV
Apesar dos indicadores de crédito apontarem para uma desaceleração na demanda por financiamentos em janeiro e fevereiro, o desempenho das vendas no comércio vem surpreendendo positivamente o setor. De acordo com dados do Instituto para o Desenvolvimento do Varejo (IDV), o ritmo de vendas avançou 6,5% em fevereiro ante igual mês de 2013, e, por causa do Carnaval, deve crescer 3,5% neste mês.
Contudo, o Índice Antecedente de Vendas (IAV), que é calculado pela entidade com base em pesquisas junto às redes do setor, aponta para uma expansão bem maior nos próximos meses. O IAV sinaliza para uma alta de 10,3% no movimento de vendas em abril na comparação com abril do ano passado, e, pelo indicador de maio, que será divulgado ainda nesta semana, as vendas devem manter o avanço na casa dos dois dígitos.
Esse indicador, que antecede em até 90 dias o comportamento do setor, tem forte aderência ao levantamento mensal do comércio feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
"O cenário do varejo, do ponto de vista da demanda, continua muito bom. O que preocupa é a sustentabilidade desse quadro diante da perda de competitividade da indústria", disse o presidente do IDV, Flávio Rocha, que apresentou ontem os números do setor ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, em reunião realizada em São Paulo.
"Custo Brasil" - De acordo com o empresário, apesar dos números positivos, o "custo Brasil", decorrente da elevada carga tributária, e as deficiências logísticas, além da escalada dos juros, são fatores que preocupam o setor produtivo.
"A indústria vem sofrendo mais com o custo Brasil, pois enfrenta a concorrência de empresas de outros países. O varejo, por sua vez, compete regionalmente no país", disse Rocha, expressando as preocupações dos fabricantes com os elevados custos tributários e logísticos do país.
Segundo Rocha, depois de ouvir o relato dos empresários, o ministro teria se queixado do que chamou de "pessimismo excessivo do noticiário que chega à população".
"O noticiário, segundo ele, está muito mais negativo do que se justificaria, no que nós concordamos", disse Rocha, informando que em razão dos números positivos registrados até o momento é possível que o IDV reveja para cima suas projeções para o desempenho do varejo neste ano, que aponta para uma alta de 4,5% ante 2013.
Além do presidente do IDV, que representa a Riachuelo , estiveram no encontro dirigentes do Grupo Pão de Açúcar, do Magazine Luiza, e da Máquina de Vendas. O presidente da Associação Brasileira da Indústria Eletroeletrônica (Eletros), Lourival Kiçula, também participou da reunião com Mantega.
Veículo: Diário do Comércio - MG