A menor oferta de peixes no mercado tem impulsionado, para cima, os preços pagos aos piscicultores. Só para se ter uma ideia, o quilo da tilápia viva, que era negociada a R$ 4, passou para R$ 4,70, alta de 17,5%. Os custos de produção giram em torno de R$ 3,80 o quilo.
A produção de tilápias ocorre em oito municípios banhados pelo lago de Três Marias: Felixlândia, Três Marias, São Gonçalo do Abaeté, Morada Nova de Minas, Biquinhas, Paineiras, Abaeté e Pompéu. São 67 produtores, responsáveis por produção média anual de 6 mil toneladas, geradas em 3 mil tanques redes que variam entre quatro a nove metros quadrados.
Um dos grandes desafios a ser superado é o custo elevado para a produção de filé de tilápia, produto mais demandado pelo mercado consumidor. De acordo com o pesquisador da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado de Minas Gerais (Epamig) Vicente de Paulo Macedo Gontijo, para produzir um quilo de filé são necessários três quilos de peixe, o que custa em torno de R$ 14. Com isso, os custos ficam elevados, retirando a competitividade frente aos peixes importados.
"Enquanto o filé de tilápia é negociado no mercado em torno de R$ 25 o quilo, temos outros peixes como o panga, que é importado do Vietnã, e comercializado a R$ 13 o quilo. preciso investir em pesquisa para ampliar a produtividade e o melhor uso dos recursos disponíveis", diz.
Segundo Gontijo, uma da principais ações que irá contribuir para o crescimento da atividade é a construção do Centro de Referência em Piscicultura, em Felixlândia (região Central). O projeto, orçado em R$ 450 mil, está em fase de construção.
Convênio - No centro de referência, serão realizadas pesquisas com espécies nativas e sistemas de produção de tilápia. A intenção é trabalhar em convênio com a Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Universidade Federal de Viçosa (UFV), entre outras instituições parceiras.
"Para que a produção de tilápias se torne mais competitiva no Estado é importante que seja investido em pesquisas. Duas ações são consideradas fundamentais: a redução dos custos com o melhor aproveitamento da ração e a criação de um programa de melhoramento genético dos peixes, agregando competitividade ao produto final", ressalta o técnico.
Ainda segundo Gontijo, a produção mineira também é destinada a bares e restaurantes, onde o filé é muito apreciado. "O uso da tilápia em pratos e petiscos tem crescido a cada ano e a população tem consumidor um volume significativo. Essa diversificação é importante para incentivar a produção, que em muito municípios é a principal atividade a gerar emprego e renda", enfatiza.
Veículo: Diário do Comércio - MG