Varejo vive momento mais delicado desde 2008

Leia em 2min

O comércio varejista não passa por um momento tão delicado desde a crise financeira de 2008. A inflação em alta, a desaceleração do consumo e o crédito cada vez mais caro e restrito têm levado a atividade a uma deterioração. "Não se pode falar em crise no varejo, mas certamente há perda de força", avalia o economista Fábio Bentes, da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

Segundo cálculos de Bentes a partir de dados da Pesquisa Mensal do Comércio, o volume de vendas do varejo teve uma retração de 0 5% nos primeiros quatro meses deste ano em relação ao quadrimestre anterior, o pior resultado desde o período entre janeiro e abril de 2009. Entre os comerciantes, esse desempenho se reflete em uma confiança cada vez menor. Nesta quinta-feira, 26, a entidade informou que o Índice de Confiança dos Empresários do Comércio (Icec) caiu 2,3%, atingindo o menor nível de toda a série, iniciada em 2011.

O aumento da inadimplência entre as pessoas físicas no crédito livre em maio, para 6,7%, se somou aos problemas já enfrentados pelo varejo, além de ser mais um sinal de enfraquecimento das vendas. Além disso, os juros não param de crescer, a despeito de a Selic estar estacionada em 11% ao ano desde abril, já que o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu em maio interromper o ciclo de alta iniciado um ano antes.

A lógica vale também para o crédito destinado a investimentos. Entre os empresários, o ânimo para desembolsar em projetos no próprio negócio ou para contratar mão de obra diminuiu. "No caso do mercado de trabalho, os números vão acompanhar o desempenho das vendas", diz Bentes. A CNC prevê alta de 4,7% no volume de vendas do varejo restrito (sem incluir veículos e material de construção) neste ano, mas a estimativa tem viés negativo.

Diante de um cenário frágil para as vendas, as contratações também devem perder força. A entidade espera que sejam geradas 198,7 mil vagas formais em todo o comércio (incluindo o atacado) sendo 149 mil delas no varejo ampliado (com veículos e material de construção). Os números, contudo, são mais fracos do que os observados em 2013, quando o comércio abriu 314,54 mil postos de trabalho com carteira assinada, segundo dados com ajuste do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). No varejo ampliado, foram 253,28 mil.



Veículo: Diário de Pernambuco


Veja também

Relatório do BC revê alta IPCA 2014 de 6,1% para 6,4%

A estimativa do IPCA para o final deste ano está muito distante do centro da meta de inflação estab...

Veja mais
Economia brasileira sofrerá retração geral

BC prevê queda do PIB da agricultura e indústria e redução de serviços neste anoEm con...

Veja mais
Movimento do comércio sobe 1,6%, diz Boa Vista

O movimento do comércio subiu 1,6%, entre abril e maio de 2014, de acordo com análise da Boa Vista em parc...

Veja mais
Para analistas, deflação no atacado se acentuou em junho

A retração das cotações de commodities relevantes para o Brasil, como soja e milho, ao longo...

Veja mais
Preços caem e afetam resultado da balança comercial

A balança comercial brasileira está enfrentando uma combinação perversa: ao mesmo tempo em q...

Veja mais
Forquilha tem aumento das vendas durante Copa

O comércio tem sido movimentado neste mês, com a motivação no torneio mundial de futebol no B...

Veja mais
Vendas no varejo cresceram 3,8% em maio, diz MasterCard

As vendas do comércio varejista brasileiro cresceram 3,8% em maio na comparação com o mesmo per&iac...

Veja mais
Varejo registra aumento de 21,09% no fluxo de clientes

Camila AbudSÃO PAULOInvestir em reestruturação pode fazer toda diferença no resultado de um ...

Veja mais
Intenção de consumo no Nordeste é maior do que em 2013

O desempenho cada vez menos dinâmico das vendas no varejo e a baixa confiança dos consumidores apontam para...

Veja mais