Os aumentos da inadimplência, da inflação e dos juros têm deixado os lojistas da capital mineira mais cautelosos em relação ao desempenho do comércio. Um indicador é observado no tíquete médio das compras, que vem se mantendo estável na maioria das lojas e não deve sofrer grandes alterações para o Natal, data comemorativa que é considerada a melhor para o setor. Mesmo com a estabilidade nos valores das compras, o resultado é considerado positivo pelo varejo, que vem registrando baixa nas vendas.
De acordo com o gerente da Praça 7 Calçados, Manoel Reis, o tíquete médio das compras está em torno de R$ 60, valor que ficou igual ao praticado em 2013 e que deve ser repetido no Natal de 2014.
"O ano atual foi muito desfavorável para o setor, uma vez que a inadimplência e o endividamento estão em alta, o que limita o consumo de produtos, como calçados, por exemplo. Nossa expectativa é manter o tíquete médio atual ao longo dos últimos dois meses, o que, se concretizado, já será um resultado muito positivo", explicou.
De janeiro a outubro frente a igual período do ano passado, as vendas na Praça 7 Calçados ficaram, em média, 30% menores. Além do comprometimento da renda da população, a indefinição do cenário econômico e a Copa do Mundo contribuíram para o fraco desempenho.
Na Importadora Chen, segundo a supervisora de vendas da empresa, Telma Ferraz, o tíquete médio das vendas está estável e deve ser mantido até o fim do ano.
"Os aumentos da inadimplência, dos juros e da inflação impactam diretamente no tíquete médio, mas acreditamos que ele se manterá nos próximos meses. Se tiver variação, será uma pequena alta. Em relação às vendas, estamos apostando em um incremento de 5%, que será proporcionado pelo pagamento do 13º salário. O Natal é uma data diferenciada, o consumidor compra com emoção, este é mais um fator que contribui para o aumento das negociações", explicou Telma.
Fator positivo - Para o proprietário da Brinkel, Altair Rezende, diante do cenário econômico, manter a estabilidade no tíquete médio é um fator positivo. A expectativa para as vendas de brinquedos, ao longo dos últimos meses de 2014, é conservar o valor médio atual das compras entre R$ 120 e R$ 150, mesmo nível registrado em 2013.
"A estabilidade do tíquete na atual conjuntura é razoável, mas acreditamos que a situação poderia estar melhor. O governo perdeu um pouco do controle da economia, o que vem prejudicando o comércio, a indústria e a geração de empregos. Esperamos que as vendas cresçam entre 2% e 5% no Natal, mas o tíquete médio não vai acompanhar. O ideal seria um aumento de vendas em torno de 10%, mas com a inflação e a inadimplência em alta, o poder de compra do consumidor está menor", disse.
Situação positiva é vivenciada na Ideaz, loja especializada em artigos para presentes. O tíquete médio na loja, que varia entre R$ 90 e R$ 100, deve subir para R$ 120 e R$ 140 no último bimestre. Para a gerente da empresa, Juliana Baeta, acompanhar o negócio de perto é fundamental para os bons resultados. Em relação às vendas, a expectativa é encerrar o ano com incremento de 40%.
"Procuramos variar bem o mix e atender melhor o cliente. Como temos muitas opções de produtos e preços variados, não estamos enfrentando problemas em relação à maior inadimplência e à alta da inflação", explicou.
Veículo: Diário do Comércio - MG