Para Cepea, agronegócio ainda suporta economia em 2015

Leia em 2min 30s

O cenário para o agronegócio deverá ser diferente no próximo ano do que o registrado nos anteriores. Os estoques voltam a ficar elevados e deverá haver redução de preços das commodities.

 

 



Mesmo assim, o agronegócio deverá ser o grande fator de suporte da economia nacional em 2015. A avaliação é de pesquisadores do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), que preveem alta de 2,8% para o setor em 2015.Internamente, o agronegócio se depara com um mercado estagnado ou com fraca expansão devido a uma provável alta do desemprego e de desaceleração do salário.

Externamente, as perspectivas são de menor liquidez, juros mais elevados, dólar valorizado e preços de commodities em queda. "A característica dominante nos mercados em geral será a elevada volatilidade", diz Geraldo Barros, professor da Esalq/USP e coordenador do Cepea.Os pesquisadores da instituição admitem que é difícil algumas projeções para o próximo ano. O câmbio, por exemplo, ainda é um incógnita. Se desvalorizado, ajuda o agronegócio, mas dificulta o controle da inflação.

Já o cenário internacional de baixa nos preços do petróleo poderá reduzir custos de alguns insumos para o setor.O Brasil, a exemplo de outros países, não está livre dos impactos climáticos. Com isso, o governo precisará reforçar o financiamento e o seguro de renda agrícola.Para o Cepea, os fundamentos do agronegócio não justificam animação, mas não são de "choradeira" para a maioria das atividades.

O carro-chefe do agronegócio, a soja, perde preços no próximo ano. Essa queda ocorrerá devido à produção recorde e à alta nos estoques.No primeiro semestre de 2015, a saca deverá ter um preço próximo de US$ 23 em Paranaguá, aponta o Cepea.

O cenário para o milho também exige cuidados dos produtores. O estoque previsto pela Conab acima de 15 milhões de toneladas não permite recuperação de preços.

O café terá rumos diferentes. A perda de produção neste ano, devido à seca, e as perspectivas de nova queda no próximo ano vão segurar os preços aquecidos. Além disso, os estoques nacionais e mundiais estão caindo.O setor de citricultura também deverá ter preços melhores, segundo o Cepea. A situação delicada do setor nos últimos anos afastou muitos produtores, com consequente redução de área e de cuidados com a lavoura. A consequência será uma oferta menor de laranja.

O setor sucroenergético vem com dificuldades desde 2008, mas esse cenário deverá ficar para trás. Diálogo com o governo, volta da Cide, deficit mundial de açúcar e câmbio devem favorecer o setor.A escassez de gado e a consequente menor oferta de carne neste ano elevaram os preços no setor. O consumidor interno terá uma renda menor para suportar esses preços, mas as exportações devem continuar firmes.

Após um ano bom, os suinocultores vão ter o pé no chão. A demanda interna pode não reagir, mas as exportações continuam.No mercado de frango, maior equilíbrio entre oferta e demanda poderá resultar em preços maiores.



Veículo: Folha de S. Paulo


Veja também

Preços no varejo aceleram o IGP-M no começo deste mês

A aceleração do Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) na primeira prévia de dezemb...

Veja mais
Gasto médio no Natal deve cair 4,48%, diz entidade

O gasto médio do brasileiro nas compras do Natal deste ano será 4,48% menor do que em 2013, de acordo com ...

Veja mais
Alimentos puxam preços ao consumidor pesquisados pela FGV

O Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S), divulgado hoje (8) pelo Instituto Brasileiro de Economia...

Veja mais
Boa Vista: inadimplência do consumidor sobe 8% em novembro

A taxa de inadimplência dos consumidores brasileiros subiu 8,0% em novembro em relação a outubro, na...

Veja mais
Pesquisa de preços da ceia de Natal aponta diferença de quase 300% em Blumenau

Ao todo, 10 supermercados foram consultados   O grupo Vigilantes do Preço, ligado ao Procon de Blumenau, p...

Veja mais
Comércio aposta em ajustes para voltar a crescer em 2016

    Veículo: Brasil Econômico...

Veja mais
Em 16 anos, IPCA fica abaixo ou no centro da meta apenas em 4

O namoro persistente da inflação com o teto da meta deixa dúvidas se ela fechará 2014 dentro...

Veja mais
Soja, bovinos, milho elevam inflação no atacado

Os preços no atacado continuam sendo impulsionados pelas matérias-primas brutas agropecuárias. Soja...

Veja mais
Inflação de dezembro pode ser de até 0,86%

Para não escapar do teto da meta de inflação, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor ...

Veja mais