Ritmo de vendas é o pior em 11 anos

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Dados mostram que movimento no comércio cresceu 3,7% em 2014. Juros e inflação minaram desempenho do setor no país

 



“Tomara que as vendas em 2015 não seja tão fracas quanto as de 2014. Para se ter ideia, eu contratava de quatro a cinco ajudantes para o comércio de fim de ano. Da última vez, apenas um colaborador”. O desabafo de Luiz Henrique Macedo, dono da Débora Calçados, no Centro de Belo Horizonte, ajuda a entender uma pesquisa divulgada ontem pela Serasa Experian: o movimento dos consumidores no comércio nacional cresceu 3,7%, o menor ritmo dos últimos 11 anos, sendo a quarta desaceleração consecutiva. O percentual foi 9,6% em 2010, 7,8% em 2011, 6,4% em 2012, 5,2% em 2013 e 3,7% em 2014.

Em Belo Horizonte, a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL-BH) ainda não fechou o balanço de vendas de 2014, mas a entidade já reviu para baixo a estimativa de aumento de 2,5% que havia sido divulgada no início daquele ano. “Agora não deve passar de 2% no acumulado de 2014. Foi um ano que não apresentou decréscimo, mas que não houve um grande crescimento”, lamentou a economista Ana Paula Bastos, da CDL-BH. O varejo da capital não foi o único segmento a rever para baixo a previsão de crescimento divulgada em janeiro.

Os supermercados também reduziram o percentual de avanço anunciado no início do exercício anterior. “Esperávamos uma alta de 4%. Deve ficar em torno de 2%”, calculou Adilson Rodrigues, superintendente da Associação Mineira de Supermercados (Amis). Ainda assim, quando levado em conta o movimento de clientes no comércio brasileiro, o setor de supermercados, hipermercados, alimentos e bebidas foi o que mais cresceu em relação a 2013: 3,9%.

Em seguida, também em nível nacional, aparece o grupo formado por lojas de tecidos, vestuário, calçados e acessórios (3,4%). Também apuraram altas os setores de combustíveis e lubrificantes (1,2%), móveis, eletroeletrônicos e equipamentos de informática (0,9%) e veículos, motos e peças (0,4%). Em sentido oposto, houve queda no de material de construção (-6,5%).

Os economistas da Serasa atribuíram o aumento de 3,7% a alguns fatores que frearam a economia nacional, mas destacaram a escalada de juros, o avanço da inflação e a baia confiança do consumidor em ir às compras. O estudo da entidade não divulgou balanços sobre os três motivos que interferiram no ritmo do movimento no comércio.

CUSTO DE VIDA Porém, o custo de vida dos brasileiros ficou mais caro no ano passado. A inflação, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), avançou 6,56% no acumulado em 12 meses até novembro – o indicador de dezembro será divulgado amanhã pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em Belo Horizonte, o indicador é calculado pela Fundação Ipead/UFMG, que já divulgou o balanço no acumulado do ano: alta de 6,91%.

A alta dos preços prejudicou as vendas na Gato de Ouro, que vende alianças e outras jóias na Rua Paraná, no Centro de BH. Pelo menos é o que acredita o dono do empreendimento, Clayton Neres. A queda nas vendas, calcula, ficou em torno de 50% no confronto com 2013. Resultado: ele precisou dispensar três ajudantes. “Tenho oito anos de mercado e nunca vi um ano tão ruim, em termos de vendas, quanto 2014. Torço para que 2015 seja bem diferente”.




Veículo: Estado de Minas


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