O setor de serviços deve aproveitar os primeiros meses do ano para armazenar o lucro obtido e se preparar para o desaquecimento da economia no decorrer de 2015. O presidente da Fecomércio, Luiz Carlos Bohn, adverte que a economia brasileira sofre um processo de ajuste, que passa por promover uma correção dos preços administrados que ficaram defasados nos últimos anos. Isso, afirma Bohn, vai acabar por continuar a pressionar a inflação e manter os juros altos. Assim, o consumo das famílias passa a ter um comportamento mais tímido, e o comércio e os serviços refletem isso.
Segundo o presidente da entidade empresarial, em um ano em que a inflação continuará a pressionar a renda real das pessoas, o crédito está mais restrito, e o mercado de trabalho já não consegue mais criar novos consumidores. “A necessidade de ajuste fiscal faz com que a União reestruture gastos públicos e acabe com certas desonerações fiscais”, diz. O proprietário da Porto Alegre Piscinas, Newton Rieger Rodrigues, conta que sempre faz uma reserva durante o verão, mas, nos últimos anos, procurou diversificar o serviço oferecido para conseguir manter-se ativo durante o ano inteiro. “Hoje, metade do trabalho prestado é para condomínios, onde a preocupação com a manutenção da piscina é a mesma durante os 12 meses”, indica Rodrigues.
Comércio da Capital sofre com a chegada do calor
A migração sazonal de famílias inteiras para o Litoral ou o Interior do Estado devido às férias de verão traz consequências negativas à maior parte do comércio. Se aqueles que trabalham no ramo de sorvetes, moda-praia e óticas têm aumento nas vendas, segundo dados da Fecomércio-RS, os donos de bares e restaurantes veem a procura cair.
Ao contrário do verificado em muitas capitais e cidades litorâneas, o horário de verão não leva mais consumidores aos bares de Porto Alegre. “No horário de verão, as pessoas ficam mais tempo fora de casa, mas a cidade está vazia”, diz o presidente do Sindicato da Hotelaria e Gastronomia do município (Sindpoa), Henry Starosta Chmelnitsky.
Chmelnitsky informa que o movimento entre os dias 24 de dezembro e 4 de janeiro foi muito abaixo do verificado no mesmo período dos anos anteriores. “Não existe incremento, porque há uma diminuição muito grande de pessoas na cidade. Se nós tivéssemos uma turismo forte talvez isso acontecesse”, enfatiza.
O presidente da Fecomércio-RS ressalta que em termos de localização no Estado, o período de verão impacta sensivelmente o comércio do Litoral, que aufere grande parcela de suas receitas anuais nessa época.
“Fora do litoral, de forma geral, em dias de calor excessivo, os ambientes de compras climatizados, como shopping centers, tendem a atrair mais público, com reflexos positivos para todo o comércio localizado em seu interior”, ressalta o presidente da Fecomércio-RS.
Veículo: Jornal do Comércio - RS