Centrais de compras detectam alta dos preços dos alimentos

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As centrais de compras que abastecem os supermercados mineiros já começaram a sentir a alta dos preços dos alimentos, item que mais pressionou a inflação encerrada em 6,29% no ano passado. Carne, açúcar, arroz e produtos de hortifrúti estão entre os que sofreram as maiores elevações, algumas da ordem de 9%.

 



Para tentar amenizar as perdas por parte das redes, as centrais estão negociando prazos mais alongados ou descontos para compras em maiores quantidades. Ainda assim, segundo representantes das empresas, o repasse dos custos será inevitável.

De acordo com o diretor da Rede Opa, que reúne 16 lojas na Zona da Mata, Warley Duarte, nesta época do ano já é tradicional a alta dos preços. No entanto, ele destaca que em 2015 a pressão está um pouco maior em virtude da alta do dólar e do extenso período de seca que assola o país.

"As grandes indústrias estão reajustando suas tabelas. Com a atuação internacional elas são as primeiras a serem afetadas por fatores externos e com a quantidade que produzem, as questões internas acabam as atingindo de maneira mais forte também. Assim, elas são as primeiras a aumentar os preços e, muitas delas, vão além, repassando outros custos e fazendo com que suas variações superem, inclusive, a inflação", justifica. Ele se refere a alguns preços que já chegaram para a central nos primeiros dias de 2015 com reajuste da ordem de 9%, como bebidas e cereais.

Duarte explica que por estarem na ponta do negócio é preciso tomar medidas que ajudem a amenizar o impacto junto ao consumidor final. Para isso, as negociações com as indústrias estão mais demoradas e estratégias em relação aos estoques também estão sendo tomadas. "Precisamos criar liquidez junto às redes, seja por meio da baixa dos estoques ou da negociação dos prazos de pagamento.  preciso manter a competitividade", avalia.

Diante desses fatores o diretor da Rede Opa acredita que 2015 será um ano difícil para o setor. Mesmo assim ele garante que os aportes em tecnologia e melhoria de produtividade serão mantidos. "As grandes empresas transformam momentos de crise em oportunidades e é isto que precisamos fazer", diz.

Na Central de Compras do Alto São Francisco (Casf), em Bambuí, a situação não é diferente. De acordo com o presidente, Paulo José Israel Azevedo, os aumentos além da inflação estão sendo observados principalmente nos itens que compõem a cesta básica. Mas, conforme ele, o que tem incomodado mais é a variação dos preços de uma semana para outra.

"Por um lado essa variação é boa, como no caso do leite. Em uma semana aumentou muito e como não vendeu nada e é um alimento altamente perecível, os preços voltaram a cair. Por outro, é ruim, porque há itens com alto giro, que não podem deixar de ser repostos com preços absurdos", afirma.

A solução então tem sido aproveitar os períodos em que os preços estão menos altos para formação de estoque. "Com essa medida, temos conseguido segurar os repasses por enquanto, mas não é garantido que se mantenha assim", completa o presidente da central de compras que engloba 10 lojas no Centro-Oeste mineiro e é filiada também à Cooperativa Confiança, de Divinópolis, que soma 45 filiais.

Inevitável - Já no caso da Rede Unida, em Juiz de Fora, o maior impacto tem vindo dos produtos de hortifrúti. Conforme o vice-presidente rede, Carlos Henrique, o aumento já era esperado em função do longo período de seca. Além disso, segundo ele, bebidas como refrigerantes e cervejas também foram altamente reajustadas nas últimas semanas em função do calor. "São produtos sazonais. Quando há fatores externos o aumento é inevitável", diz.

Inevitável também é o repasse dos preços ao consumidor. De acordo com o vice-presidente da central de compras que engloba 11 lojas na região da Zona da Mata, desta vez não vai dar para absorver. "O custo operacional precisa ser reajustado automaticamente, pois nossas margens já estão apertadas. O que é possível fazer é equilibrar os estoques, comprando menos de cada vez", conclui.

As centrais de compra são associações de pequenos e médios empresários do setor supermercadista que se unem na hora de realizar as compras. O objetivo é conseguir preços mais baixos e melhores condições de pagamento, a fim de concorrer com as grandes redes de hipermercados.



Veículo: Diário do Comércio - MG


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