Câmbio já eleva preço de produtos e insumos

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Fatores como o reajuste da energia e dos combustíveis também terão impacto no valor de produtos diversos

 



Ruim para quem pensa em viajar para o exterior, pior para quem fica. A "explosão" do dólar comercial, que ontem fechou o dia a R$ 2,83, já começou a impactar para cima nos preços de alguns produtos e insumos importados e logo chega nas gôndolas de padarias e supermercados. Com a alta de 24,22% no câmbio da moeda norte americana, nos últimos seis meses, - em 12 de agosto de 2014, o dólar estava em R$ 2,27 - o preço da farinha de trigo deve ser o primeiro a subir, em torno de 10% a 15%, até o fim do mês.

Azeites, vinhos importados, bacalhau, e alguns itens de higiene e beleza, como desodorante (os que possuem insumos importados ou são fabricados fora do País), são outros produtos que tendem a subir de preço, em consequência também da variação do câmbio.

Pães e massas

Insumo básico na fabricação de pães e massas, a farinha de trigo já está saindo de alguns moinhos mais cara, em decorrência da alta do dólar e de recuperação dos preços da ordem de 5%, reduzidos no semestre passado, em função da entrada de novos "players" e do consequente aumento da competitividade do mercado nordestino.

Somados esses fatores, explica o presidente da Associação dos Moinhos de Trigo do Norte e Nordeste do Brasil, Roberto Schneider, a defasagem nos preços da farinha de trigo já é superior a 17%, percentual que tende a ser repassado, em breve, às panificadoras, mas não integralmente. "As empresas entendem que terão de fazer reajustes superiores a 10%", sinaliza.

Ele explica que a variação no percentual de aumento decorre da origem do trigo, se importado ou nacional, e da qualidade do produto, além da própria política de preços dos moinhos. Na ponta do lápis, calcula Schneider: "Se (o quilo da farinha) subir 15%, o impacto no preço do quilo do pão será de 3%", para o consumidor final.

Entretanto, computados os aumentos nas tarifas de energia, no valor do Salário Mínimo e nos preços dos combustíveis, o quilo do pão carioquinha pode subir até 8%, no Estado. Já nas massas curtas e compridas e nos biscoitos doces e salgados, considerando apenas a elevação do dólar, o aumento poderá ser em torno de 10%, para o consumidor final. A previsão é do presidente do Sindimassas do Ceará, João Haroldo Feijão, segundo quem os aumentos deste ano chegarão mais cedo, porque em 2014 o reajuste da energia ocorreu apenas em abril e o dólar variou bem menos no primeiro semestre e, algumas vezes, até para baixo.

Estratégias

Para tentar driblar o impacto do dólar nos preços dos produtos importados e a consequente retração das vendas, o presidente da Associação Cearense de Supermercados (Acesu), Gerardo Vieira Albuquerque, diz que a estratégia do setor é dividir e absorver parte da alta do câmbio com os fornecedores e substituir produtos estrangeiros por nacionais. "Na turbulência, buscamos nos unir para não repassar tudo para o consumidor final", explica, lembrando que, se o preço subir muito e o cliente não comprar, os supermercadistas são os primeiros prejudicados. "Quem subir muito, não vende", alerta.

"Se os preços subirem muito e os clientes não comprarem, os supermercadistas são os primeiros prejudicados"

Gerardo Vieira Albuquerque
Presidente da Acesu

Após quatro altas seguidas, dólar recua 1,36%, a R$ 2,83

São Paulo. Depois de subir por quatro sessões consecutivas e atingir na quarta-feira o maior nível desde outubro de 2004, o dólar recuou nesta quinta-feira, afetado por uma realização de lucros. O alívio das tensões na Ucrânia e na Grécia, bem como os dados fracos nos Estados Unidos, forneceu suporte para divisas de países emergentes e exportadores de commodities contra a moeda norte-americana.

No término do pregão no balcão, o dólar à vista fechou negociado a R$ 2,8310 (-1,36%). O volume de negócios totalizava US$ 762 milhões. No mercado futuro, o dólar para março caía 1,49%, a R$ 2,8400.

A Bovespa pegou carona no clima mais positivo das bolsas internacionais, engatou um movimento de recuperação e fechou ontem (12) no maior nível desde 8 de janeiro. O avanço da bolsa foi conduzido pelos ganhos das ações de bancos, Petrobras e Vale. No fechamento, o Ibovespa subiu 2,68%, aos 49.532,72 pontos. O volume de negócios somou R$ 6,4 bilhões. No mês, o índice acumula alta de 5,60% e no ano, baixa de 0,95%.

No setor corporativo, Kroton ON e Estácio ON estavam entre os destaques de alta da sessão, subindo 14,48% e 10,62%, respectivamente. Entre os principais componentes do índice, os papéis ON e PN da Petrobras avançaram 5,88% e 5,20%, respectivamente. Ainda entre as altas estavam as ações de bancos e da Vale. Banco do Brasil ON (+5,28%), Bradesco PN (+3,97%) e Itaú Unibanco PN (+2,63%). Vale ON e PNA subiram 2,27% e 1,92%.

Carlos Eugênio
Repórter



Veículo: Diário do Nordeste


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