Valorização do dólar impacta importadores de produtos e insumos

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Em alguns casos, repasse ao consumidor será inevitável

 



Se por um lado a escalada do dólar em relação ao real beneficia os exportadores, a valorização da moeda norte-americana, por outro, prejudica os importadores, podendo inclusive chegar à ponta do consumo, provocando aumento de preços de produtos comprados no exterior, como eletrodomésticos, bebidas e alimentos, entre eles o pão francês, que tem boa parte de sua principal matéria-prima, a farinha de trigo, importada.

O presidente da Associação Mineira da Indústria de Panificação (Amipão), Tarcísio Moreira, calcula que de janeiro até agora o preço da farinha aumentou apenas 5%. Porém, ele alerta que se a alta do dólar atingir na mesma proporção a matéria-prima do pãozinho de sal, as panificadoras não terão como absorver o aumento de custo. "Se chegar, vamos repassar para o consumidor", adiantou.

A maior parte do trigo processado pelos moinhos de Minas é importada, majoritariamente, da Argentina, uma vez que a demanda estadual gira em torno 500 mil toneladas por ano, enquanto a produção é inferior a 200 mil toneladas anuais, o que deixa o Estado dependente das importações do cereal.

Na Casa Rio Verde, rede de lojas com seis unidades na Capital, a valorização do dólar já provocou aumento de até 10% no preço de algumas bebidas. E só não foi maior graças a algumas estratégias adotadas. Uma delas, conforme a gerente-geral de vendas, Renata Andrade, foi absorver ao máximo a apreciação do dólar e escalonar o aumento de preços de 0% a 10%, de acordo com cada produto.

"Tentamos absorver ao máximo. Mas chega um ponto em que temos que fazer alguma coisa e optamos por promover esses reajustes de forma escalonada. Fizemos isso para não perder mercado e clientes", disse a gerente. Outra estratégia, segundo a funcionária, foi antecipar o pagamento aos fornecedores de bebidas importadas.

Normalmente, elas são pagas quando estão prontas para serem enviadas, mas a Casa Rio Verde antecipou alguns pagamentos, o que evitou uma cotação ainda mais elevada da moeda norte-americana. Ainda assim, os preços ficam reféns da situação econômica do país e do câmbio, um vez que quando as mercadorias chegam ao Brasil para serem desembaraçadas a cotação usada é a do dia.

Por último, ainda na tentativa de superar a alta do dólar, foram negociados preços com os fornecedores. "Com todas essas estratégias, conseguimos equilibrar as vendas", afirmou Renata Andrade.

Eletros -
A valorização da moeda norte-ameriacana diante do real também impactou os custos da Suggar Eletrodomésticos, instalada no Distrito Industrial de Olhos D"água, na região do Barreiro, em Belo Horizonte. A empresa produz atualmente 154 produtos, mas apenas nove são fabricados no Brasil e o restante é importado, já acabado, principalmente da China.

"O câmbio atinge todo mundo. Este reflexo nos custos também foi sentido pelos nossos concorrentes, que estão no mesmo barco", pondera o presidente da Suggar, José Lúcio Costa. A empresa tem como carro-chefe os tanquinhos, seguidos pelos depuradores e pelos fornos.

No caso do agronegócio, a valorização do dólar também pode interferir nos custos de produção, considerando que muitos insumos, como fertilizantes e princípios ativos de medicamentos aplicados nas lavouras, são importados, como explicou a coordenadora da assessoria técnica da Federação da Agricultura do Estado de Minas Gerais (Faemg), Aline Veloso.

"Para o produtor, o dólar mais alto aumenta o custo de produção. As cadeias produtivas do agronegócio são extensas, mas este aumento sempre tem conseqüências. Ou seja: chega sim na frente no consumo. O aumento de preços para o consumidor tende a acontecer, mas nem sempre na mesma proporção. Em alguns casos, pode ser até maior, considerando a sazonalidade de alguns produtos", justificou.



Veículo: Diário do Comércio - MG


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