Oficialmente, Receita anunciou nesta quarta que trabalha com retração de 1,5% na atividade econômica neste ano
O governo Dilma Rousseff mudou sua projeção oficial para o desempenho da economia neste ano e já trabalha com uma retração de 1,5% do PIB (Produto Interno Bruto). Reservadamente, o temor é que a recessão seja mais profunda ainda e bata nos 2% de queda do PIB.
Nesta quarta (15), a Receita anunciou uma queda real de 2,87% na receita da União no primeiro semestre deste ano. O resultado é consequência direta da redução no nível de atividade.Segundo assessores presidenciais, a desaceleração da economia está mais profunda do que o previsto inicialmente e pode piorar, nos próximos meses, por causa do agravamento da crise política com as últimas ações da Lava Jato, que agora se voltam para o mundo político.
A equipe econômica teme uma paralisia de votações importantes para o governo no Congresso, o que teria impacto negativo nas expectativas dos agentes econômicos, retardando ainda mais uma recuperação da economia.
Até pouco tempo, o governo descartava um tombo de 2% na economia neste ano, confiante de que a economia começaria a dar sinais de melhora no terceiro trimestre. Agora, a expectativa é que a economia, no mínimo, continue patinando até setembro.A última previsão oficial do governo era que a retração da economia neste ano seria de 1,2% do PIB. Agora, a Receita Federal tornou oficial o novo dado: queda de 1,5%.
O fisco divulgou que no primeiro semestre a União arrecadou R$ 607 bilhões, um recuo real, já descontada a inflação do período, de 2,87%. Em junho, a arrecadação atingiu R$ 97 bilhões –queda real de 2,44% sobre igual período de 2014.No início do ano, o governo chegou a prever aumento real nas receitas neste ano.Chefe do Centro de Estudos Tributários e Aduaneiros da Receita Federal, Claudemir Malaquias disse que "a realidade é bem mais negativa dos que os indicadores estão apontando", acrescentando que há "trajetória crescente de resultados negativos".
A fraca arrecadação torna impossível para o governo cumprir, sem novas medidas de geração de receita, a meta de superavit primário de 1,1% do PIB, equivalente a R$ 66,3 bilhões. Até maio, o governo federal havia cumprido apenas 12% da meta anual. Em breve, vai revisar esta meta.
Outra preocupação da equipe econômica é a possibilidade de o país perder o grau de investimento concedido pelas agências de classificação de risco. O governo já dá como certo que a agência de avaliação de risco Moody's, que nesta quarta começou visita técnica ao Brasil, irá cortar a nota do país.
Hoje o país está dois degraus acima do patamar em que perderia o grau de investimento. O trabalho do governo é para que a agência não coloque em "negativa" a perspectiva para o Brasil, o que deixaria o país perto de ser mais uma vez rebaixado.A equipe da Moody's foi recebida nesta quarta (15) por assessores do ministro Joaquim Levy (Fazenda) e, também, pelo presidente do Banco Central, Alexandre Tombini.
Veículo: Jornal Folha de S.Paulo