Consumidor compra menos para pagar dívidas

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Receoso e mais realista em relação à crise que ronda o País, o mineiro está deixando de ir às compras para quitar as dívidas. Esse novo comportamento é comprovado pela Análise de Endividamento do Consumidor, realizada pela área de Estudos Econômicos da Federação do Comércio do Estado de Minas Gerais (Fecomércio MG).

Em Belo Horizonte, o endividamento ficou em 55% em julho, sete pontos percentuais a menos do que em junho. Já a inadimplência - compromissos financeiros com atraso de pagamento há mais de 90 dias - chegou a 6,6%, alta de 0,3 pontos percentuais em relação a junho, mas 1,5 ponto percentual abaixo do índice nacional (8,1%), apontado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

"O belo-horizontino está atento ao momento econômico, com avanço da inflação, alta taxa de juros e maior desemprego. Os consumidores têm procurado adquirir itens de primeira necessidade, como alimentos, além dos gastos com energia elétrica e água. O supérfluo está sendo deixado de lado", explica o economista Guilherme Almeida, que vê com bons olhos a atitude cautelosa dos compradores. Ele acrescenta que os consumidores têm deixado de comprar produtos com maior valor agregado, com preços mais caros, para colocar as contas em dia.

No ranking dos compromissos financeiros assumidos pela população da Capital, o cartão de crédito ficou em primeiro lugar, o que não é novidade. Pelo levantamento, em junho deste ano, 64,3% dos entrevistados se comprometeram com essa modalidade, ante 70,7% em julho. "As pessoas usam o cartão como complemento da renda. Ou seja: o utilizam de forma equivocada. Se não possui renda, fica endividado", alerta o economista.

Para Almeida, esse descontrole financeiro é um fator cultural. Conforme ele, o consumidor, nesse caso, não faz planejamento do orçamento e, muitas vezes, vai às compras sem dinheiro e utiliza o cartão de crédito.

Após o "dinheiro de plástico", os tipos de compromissos financeiros mais citados foram os cartões de lojas (17,8%) e financiamento de automóveis (4,3%). "Atualmente, muitas pessoas pagam contas com cartão de crédito e o utilizam para fazer as compras do mês. Mas é importante ter atenção e se planejar, para não perder o controle dos gastos e do orçamento", aconselha o economista.

Juros - Almeida recomenda ainda atenção ao uso de cartão de crédito, pois os juros cobrados são altíssimos, e chegam a 372% ao ano, uma média de 13,81% ao mês. "Caso a pessoa esteja com muitas dívidas, recomendo que ela opte, primeiro, pela quitação do cartão de crédito. A dica é que ela tente negociar com a operadora. E, se necessário, que faça um empréstimo, cujos juros são mais baixos, para liquidar a fatura".

Na análise, o motivo mais apontado para atrasos nos pagamentos é o descontrole/falta de planejamento, citado em 75% das respostas. O número de consumidores com compromissos financeiros em atraso em Belo Horizonte aumentou em julho ante junho, passando de 7% para 10,2%. "Uma dica para organizar os gastos e evitar a inadimplência é fazer uma planilha de orçamento pessoal. Há muitos modelos gratuitos disponíveis na internet, como o da Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros de São Paulo (BM&FBovespa), que é automatizada e com visual fácil de entender", ensina Almeida.

Do total de entrevistados com contas pendentes em julho, 90% planejam saldá-las em até 90 dias, índice superior ao do mês anterior (77,3%). A intenção de quitar os débitos em curto prazo representa o cuidado para não ficar com o cadastro negativo. "Isso garante manter os serviços em dia e, principalmente, evitar o pagamento de juros exorbitantes, lembrando que essa taxa para o cartão de crédito, por exemplo, é a mais alta praticada no mercado e pode chegar a 372% ao ano", conclui o economista.




Veículo: Jornal Diário do Comércio - MG


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