Recessão vai continuar impactando o consumo, diz Fecomércio-RS

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O crescimento do comércio e dos serviços irá se manter negativo em 2016, segundo perspectivas da Fecomércio-RS. De acordo com o presidente da entidade, Luiz Carlos Bohn, durante o primeiro semestre do ano que vem ainda deverá ocorrer queda no volume de vendas do setor. Mas apesar de ser esperado que se prolongue pelo próximo ano, o cenário de recessão estabelecido no País e no Estado deve causar um impacto menos dramático do que o registrado em 2015, segundo projeções da entidade.

O alívio ocorrerá por conta de uma leve contenção da inflação, que não deve chegar a 10%, ficando na casa dos 6% a 7%; e da taxa de juros, que apesar de permanecer elevada – em 13,5% – será menor do que encerra o ano, de 14,25%. No entanto, a estimativa é de que o dólar continue em patamar alto, na casa dos R$ 4,00, pressionado pelo cenário político do Brasil e da alta de juros no mercado norte-americano.

O crescimento do setor terciário privado do Rio Grande do Sul em 2016 deve enfrentar queda de 3,2% no comércio e de 2% nos serviços. Em 2015, o setor se desenvolveu de forma deficitária de janeiro a setembro nos três ramos do segmento: varejo (-5,3%), varejo ampliado (-11,3%) e serviços (-3,3%). Mas apesar dos resultados, Bohn destacou que a entidade se mantém otimista. “Acreditamos em um desfecho positivo para casos como o da Operação Lava Jato, com o País sendo “passado a limpo e com a punição daqueles que fazem acordos obscuros para se apropriar de recursos que pertencem à sociedade.”

Para o economista Marcelo Portugal, os empresários devem atentar ao fato de que a crise econômica ainda não chegou “ao fundo do poço”. Ele avalia que o desafio das empresas de comércio e de serviços do Estado será sobreviver em 2016, a fim de que estejam preparadas para retomar o processo de crescimento a partir de 2017 ou 2018.

“Teremos mais três trimestres de queda do Produto Interno Bruto – interferindo negativamente no consumo – e, se nada piorar, a expectativa é que a partir do segundo semestre do ano que vem, se possa começar a acreditar em uma retomada da economia”, disse o economista. Ele destacou que, neste período, a missão mais difícil do governo federal continuará sendo realizar o ajuste fiscal para equilibrar as contas públicas.

Portugal ressaltou que o maior empecilho para a empreitada é a crise política estabelecida no País e a “falta de liderança” da presidente Dilma Rousseff. “O ministro Joaquim Levy tem uma agenda correta do ponto de vista de medidas que devem ser adotadas para se sair da crise econômica. No entanto, não consegue fazer com que isso passe no Congresso Nacional”, aponta o economista.

O presidente da Fecomércio-RS comparou o cenário atual com a pior recessão ocorrida no Brasil, no início dos anos 1930, quando o PIB caiu por dois anos seguidos. Já Portugal reforçou a afirmativa, lembrando que esta situação deve se repetir, uma vez que prevê que o PIB de 2016 recue em torno de 2%. O economista opina que o Brasil carece de um arranjo político que permita que estas medidas sejam aprovadas e adverte que, caso contrário, a recuperação da economia só terá chance de ocorrer em 2018.

Ao avaliar a situação fiscal do Rio Grande do Sul, Portugal destaca que não há como negar que no Estado este problema seja ainda pior do que o que ocorre no País. No entanto, afirma que José Ivo Sartori tem, “de forma relativa”, mais condições de resolver esta questão, “por haver claramente uma estratégia de atuação de seu governo”. Por sua vez, o dirigente da Fecomércio-RS, afirmou que a entidade permanecerá apresentando alternativas ao governo estadual que substituam tributos que pesam sobre o setor produtivo.

 



Veículo: Jornal do Comércio - RS


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