A confiança de consumidores cairá, mas recessão deve ajudar a conter alta de preços em 2016.
A abertura de um processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff vai trazer mais incertezas para a economia, principalmente se este for prolongado e houver manifestações nas ruas. Se não se estender por muito tempo, pode até levar a uma recuperação mais rápida da economia. Enquanto impera a dúvida, as famílias vão sofrer mais com desemprego, queda salarial e crédito mais escasso, afirma Luiz Roberto Cunha.
— Em ambiente incerto, ninguém contrata, ninguém compra — diz o economista.
Recessão ajuda a conter preços, portanto a inflação deve subir menos no ano que vem. Este ano, vai ultrapassar 10%. Mesmo com a oscilação na cotação do dólar causada pelo quadro político turbulento, o repasse dessa alta da moeda americana já está contido pela retração na atividade econômica, diz Cunha.
O Banco Central (BC) já avisou que pode subir ainda mais os juros básicos, hoje em 14,25% ao ano. Portanto, o crédito que poderia ajudar a compor o orçamento das famílias, como tem acontecido nos últimos anos, não é solução.
Para o economista Carlos Thadeu de Freitas, ex-diretor do BC, a crise econômica vai se agravar devido ao freio nos investimentos e no consumo. Ele acredita que o principal mecanismo pelo qual a crise política contaminará o dia a dia dos brasileiros é a baixa confiança:
— O consumidor vê o vizinho perder o emprego e vai frear mais os gastos. A crise política tira o farol de empresários e consumidores. Esse farol já estava quase chegando, mas, com essa mudança, a questão política ganhou mais força.
Veículo: Jornal O Liberal - PA