Com inflação sem dar trégua, mercado eleva projeção para IPCA em 2015 e 2016

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Com a inflação sem mostrar sinais de arrefecimento, as projeções para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiram em 2015 e 2016 no Relatório Focus, divulgado pelo Banco Central. Agora, analistas calculam uma inflação de 6,80% ante 6,70% da semana passada. No caso de 2015, a mediana avançou de 10,44% para 10,61%, registrando a 13ª semana consecutiva de alta.

Na semana passada foi divulgada a inflação de novembro, que acelerou e ultrapassou a barreira dos dois dígitos no acumulado em 12 meses. A alta foi de 1,01% no mês passado, maior porcentual para o período desde 2002, e de 10,48% no acumulado, a taxa mais elevada desde 2003. No ano, o avanço é de 9,62%.

No Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de setembro, o BC havia apresentado estimativa de 9,5% para este ano tanto no cenário de referência quanto no de mercado. Pelos cálculos da instituição revelados no RTI, o IPCA para 2016 subiu de 4,8% para 5,3% no cenário de referência e passou de 5,1% para 5,4% no de mercado. Na ata do Copom mais recente, o BC informou que suas projeções subiram ainda mais tanto no cenário de mercado quanto no de referência. Um novo RTI será divulgado antes do Natal.

Para a inflação de curto prazo, a estimativa para dezembro subiu de 0,85% para 0,90% de uma semana para outra. No caso de janeiro do ano que vem, a taxa permaneceu em 0,84% de uma semana para outra. 
Administrados. Mesmo com o ano prestes a acabar, as projeções do mercado financeiro para os preços administrados de 2015 e 2016 não param de subir. A mediana das expectativas para este ano avançou de 17,65% para 18% de uma semana para outra. Para 2016, a mediana das estimativas para os preços administrados avançou de 7,35% para 7,50%.

Essa piora das previsões para o ano que vem deve incomodar o Banco Central, que conta com uma forte desaceleração dos preços monitorados pelo governo para deixar o IPCA abaixo do teto da meta em 2016. Em sua última ata do Copom, o BC voltou a revisar para cima sua projeção para os preços administrados. Pelos cálculos, o avanço será de 17,7% este ano. Para 2016, a diretoria prevê taxa de 5,9%.

Para estimar a elevação desses itens, o BC considerou uma alta de 52,3% da tarifa de energia elétrica este ano. A diretoria também levou em conta a hipótese de elevação de 17,6% do preço da gasolina e de alta de 21,7% do preço do botijão de gás.

Juros. Após o duro discurso do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, em São Paulo, na semana passada, as projeções do mercado financeiro para a taxa básica de juros subiram ainda mais. A expectativa agora é que a Selic encerre o ano que vem em 14,63% ao ano - o que demonstra uma divisão das projeções de 14,50% e 14,75% ao ano. A nova estimativa é bem mais alta do que a vista na semana passada, de 14,25% aa, que é o patamar atual dos juros domésticos.

Na última reunião do Copom do ano, o colegiado manteve a Selic inalterada, mas com dois votos dissidentes de alta (0,50 pp). Um próximo encontro está marcado para o dia 20 de janeiro. O foco do Banco Central para a meta de inflação é o ano de 2017.

Recessão. O Relatório de Mercado Focus pintou um quadro ainda mais negro para a atividade do País neste e no próximo ano. O documento trouxe que a perspectiva de retração da atividade do ano que vem passou de 2,31% para 2,67%. Para 2015, a perspectiva de contração do Produto Interno Bruto (PIB) saiu de 3,50% para 3,62%. No Relatório Trimestral de Inflação de setembro, o BC revisou de -1,1% para -2,7% sua estimativa para a retração econômica deste ano.

De acordo com o Focus, a mediana das expectativas para a produção industrial de 2015 saiu de -7,60% para -7,70%. Para 2016, o tombo foi ainda maior: passou de -2,40% para -3,45%.

Dólar. A poucos dias para encerrar 2015, o mercado financeiro mudou um pouco sua estimativa para o comportamento do câmbio no fim deste ano. A moeda deve chegar em 31 de dezembro comercializada a R$ 3,90, e não mais a R$ 3,95, como na semana passada. Para o encerramento de 2016, a mediana das estimativas para o dólar seguiu em R$ 4,20 pela sétima semana seguida.

 



Veículo: Jornal O Estado de S. Paulo


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