Taxas de juros abrem em baixa, mas incertezas devem manter investidor cauteloso

Leia em 3min

O mercado de juros deve manter o ar de desconfiança em relação ao novo ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, à espera de provas de seu comprometimento com o equilíbrio das contas públicas, que só devem vir no ano que vem. Mas com a agenda menos carregada nesta terça-feira, 22, e em meio a uma menor liquidez às vésperas do feriado de Natal, as taxas podem oscilar entre margens mais estreitas, acompanhando também o dólar.

É o que se vê nos negócios iniciais, em que as taxas estão devolvendo prêmios. Após abrir em 16,71%, o DI janeiro de 2018 projetava 16,67%, de 16,72% no ajuste anterior, às 9h12. O DI janeiro de 2017 estava em 15,98%, depois de abrir a 16,01%, ante ajuste de 16,00%. Já o DI janeiro de 2021, que abriu em 16,55%, caía a 16,52%, de 16,57% no ajuste de ontem.

A moeda norte-americana superou os R$ 4,00 mas já está em ajuste de baixa, visto que mostra fraqueza ante as principais rivais e moedas ligadas a commodities nesta manhã, antes da divulgação da terceira leitura do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos no terceiro trimestre, às 11h30, que deve mostrar desaceleração. O mercado também monitora a teleconferência de Barbosa com a imprensa estrangeira, prevista para as 15 horas, embora o evento não esteja na agenda oficial do ministro. Às 9h15, o dólar à vista era cotado em R$ 3,997 (-0,48%).

O operador Luis Felipe Laudisio dos Santos, da corretora Renascença, ressalta que o mercado mostrou ontem que "prefere se manter leve a voltar a tomar risco, frente a tantas incertezas". Santos disse ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, que essa cautela deve ser mantida nos próximos dias por causa de tantas incertezas e da proximidade do final do ano.

"Saintive deixa o Tesouro Nacional, podendo ser mais um fato gerador de ruído", salientou em nota a clientes. Barbosa anunciou ontem que o secretário do Tesouro Nacional, Marcelo Saintive, já havia manifestado seu desejo de deixar o cargo ao fim deste ano e nomeou para a função, interinamente, Otávio Ladeira de Medeiros, que era até então subsecretário de planejamento e estatísticas fiscais do Tesouro.

No radar estão ainda as pedaladas fiscais. Ontem Barbosa não disse se o governo pagará todos os R$ 57 bilhões dessas manobras e afirmou que uma decisão deve ser anunciada nos próximos dias. A presidente Dilma Rousseff assinou uma medida provisória na sexta-feira abrindo R$ 37,5 bilhões em créditos extraordinários no orçamento deste ano e, ontem o novo ministro do Planejamento, Valdir Simão, defendeu que o governo faça o "possível" para pagar todo o estoque este ano. "Vamos reunir a Junta Orçamentária, mas eu pessoalmente defendo que pagamos o que for possível para superar de vez esta página e essa agenda", disse Simão, que assume a pasta oficialmente hoje.

Outra notícia que deve ficar no campo de visão do investidor é o novo time de Barbosa. Dyogo Henrique Oliveira, anunciado nesta segunda-feira como o novo secretário executivo do Ministério da Fazenda, é alvo da Operação Zelotes que apura suposto esquema de compra de medidas provisórias nos governos Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.

Na agenda local, o Tesouro divulga o relatório mensal da dívida pública de novembro (9h30) e o Banco Central apresenta a nota de política monetária e de operações de crédito do mês passado (10h30). Também hoje será divulgada a balança comercial semanal (11h00). Entre os eventos, há a cerimônia de transmissão do cargo de ministro do Planejamento a Valdir Simão (9h00).

 



Veículo: Site Revista IstoÉ Dinheiro


Veja também

Para indústria, crescimento depende do avanço em acordos de livre comércio

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) se juntou a outras entidades semelhantes da Argentina, d...

Veja mais
Consumidores esperam inflação de 11% em 12 meses a partir de dezembro, mostra FGV

A mediana da inflação esperada pelos consumidores nos próximos 12 meses ficou em 11% em dezembro, i...

Veja mais
Analistas esperam aumento da taxa Selic já no próximo mês

Os economistas voltaram a elevar suas projeções para a taxa básica de juros em 2016, mas agora com ...

Veja mais
Sem definição política, projeções de PIB podem ter piora no ano que vem

Indicador da atividade econômica já é estimado em queda de 3% por consultorias e quadro tende a se a...

Veja mais
Nem 13º salário faz consumidor aumentar gastos

                    ...

Veja mais
IPCA-15 sobe em dezembro e acumula alta de 10,7% no ano

                    ...

Veja mais
Tombini prevê importante desinflação em 2016

O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, voltou a insistir na tese de que a convergência da inflaç...

Veja mais
Crise não deve prejudicar mercado

De acordo com o CEO da Nestlé S.A, Paul Bulcke, a crise econômica brasileira e a redução do p...

Veja mais
IPCA-15 fica em 1,18% em dezembro, ante 0,85% em novembro, afirma IBGE

A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - 15 (IPCA-15) registro...

Veja mais