Taxa fica acima do teto da meta no Brasil

Leia em 2min 40s

Sob pressão dos preços administrados (como energia e gasolina) e dos alimentos, a inflação oficial do País, medida pelo IPCA, fechou 2015 com uma alta de 10,67%, bem acima do teto da meta do governo, de 6,5%. Os principais impactos no ano foram nos setores de preços administrados e de alimentos.
 
Foi a maior escalada do IPCA desde 2002, quando foi de 12,53% em meio às incertezas do mercado financeiro sobre como seria um futuro primeiro governo do PT. Os dados foram divulgados pelo IBGE na sexta-feira.
 
Trata-se da primeira vez que a inflação supera o teto da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) desde 2003, o primeiro ano do governo Lula. Isso só havia ocorrido em outras duas vezes, em 2001 e 2002.
 
No mês de dezembro, a inflação foi de 0,96% -próximo do resultado de novembro (1,02%) e de dezembro do ano passado (0,78%). Foi a maior alta para meses de dezembro desde 2002 (2,10%).
 
O centro da meta de inflação é de 4,5% ao ano, com tolerância de dois pontos percentuais para mais ou para menos -2,5% a 6,5%.
 
Explicação - Com o IPCA acima do teto da meta, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, terá que publicar uma carta aberta ao ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, neste início de ano, explicando por que falhou.
 
O mercado especula agora se o BC vai elevar os juros básicos (Selic), hoje em 14,25% ao ano, na sua primeira reunião do ano, neste mês. Pelo Boletim Focus, pesquisa feita pelo BC junto ao mercado, economistas projetam inflação de 6,87% em 2016, novamente acima do teto da meta.
 
Controlados - O brasileiro sofreu no ano passado um aumento generalizado de produtos e serviços que compõem o custo de vida. Para especialistas, os preços administrados pelo governo estão entre as principais razões da escalada da inflação. São produtos e serviços como energia elétrica (51%), gasolina (20,10%) e taxa de água e esgoto (14,75%).
 
Esses preços são estabelecidos direta ou indiretamente pelos governos. No gasolina, por exemplo, via Petrobras. Eles estavam represados nos últimos anos para evitar uma inflação maior e foram liberados no ano passado no processos de ajuste da economia. Inflação nos grupos - Comparação entre 2014 e 2015 da inflação nos grupos de produtos e serviços
 
“O grande pecado estava no controle de preços da gasolina e da energia elétrica, sobretudo este último. Houve a queda forçada da energia elétrica em 2013, via medida provisória. Depois veio a seca e precisaram desfazer tudo”, disse o Leonardo França, economista da Rosenberg Associados.
 
Em 2015, o grupo de habitação -que inclui a energia elétrica- subiu assim 18,31%, impactando em 2,69 pontos percentuais a inflação do ano. Já o grupo de transportes, que inclui combustíveis, avançou 10,16%, impacto de 1,88 ponto. Só a energia elétrica e combustíveis foram responsáveis por 24% da inflação do ano, segundo o IBGE.
 
Pelos cálculos da Rosenberg, os administrados foram responsáveis de forma direta por pouco mais de 4 pontos percentuais da inflação deste ano. Indiretamente, alimentou o aumento de custos de outros bens e serviços, os chamados preços livres.

 



Veículo: Jornal Diário do Comércio - MG


Veja também

Consumidor não deverá ter alívio em janeiro

Após um ano marcado por aumentos em preços administrados pelo governo, 2016 começa com fortes press...

Veja mais
Inflação deve desacelerar nos primeiros meses do ano

Sem o choque de alta da energia e combustíveis que alimentou a disparada do Índice de Preços ao Con...

Veja mais
Alta da cesta básica supera a inflação e chega a 13,4% em SP

A cesta básica na cidade de São Paulo ficou em média 13,36% mais cara no ano passado, de acordo com...

Veja mais
Retomada da confiança depende da política

Seguindo uma trajetória de quedas consecutivas, que perdura desde a Copa, o Índice de Confiança do ...

Veja mais
Barbosa pode conciliar ajuste fiscal com crescimento, diz Jorge Gerdau

Após reunião com o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, o presidente do conselho consultivo do Grupo Gerda...

Veja mais
Governo brasileiro estuda impulsionar crédito para alimentar a economia, diz fonte

O governo brasileiro pode pressionar os bancos públicos a usar bilhões de reais recentemente obtidos do go...

Veja mais
Inflação para ‘baixa renda’ sobe 11%

Após passarem o ano de 2015 com o bolso muito mais apertado devido à inflação, as famí...

Veja mais
Famílias de baixa renda fecharam 2015 mais prejudicadas pela inflação, diz FGV

As famílias de baixa renda terminaram o ano de 2015 com o bolso mais prejudicado pela inflação do q...

Veja mais
BNDES projeta aumento da taxa de juros pelo Banco Central neste mês

A área técnica do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) prevê um aument...

Veja mais