Em São Paulo, ministro teve conversas separadas com especialistas de diferentes correntes.
O ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, se reuniu nesta quinta-feira, 4, em São Paulo, separadamente, com economistas de diferentes correntes para discutir o cenário econômico do País e saídas para a crise. Entre os assuntos, o tema da reforma fiscal e o estabelecimento de um limite de gastos para o governo estavam entre os mais importantes.
O presidente do Insper, Marcos Lisboa, um dos participantes dos encontros, classificou como positiva a iniciativa do ministro. Segundo ele, houve uma mudança no debate público e econômico no período de 2013-2014 para cá. Os desafios não são novos, mas os temas eram ignorados”, disse Lisboa, citando a política fiscal e previdenciária. Segundo ele, antigamente os debates demoravam. Por isso, considera positivo o ministro estar agora ouvindo os especialistas – também estavam previstas conversas com Márcio Pochmann, Luiz Gonzaga Belluzzo e Bernard Appy.
Para Lisboa, o problema fiscal no Brasil não decorre simplesmente dos gastos públicos, mas do crescimento desses gastos. Tanto que, nos últimos anos, segundo ele, mesmo com os investimentos públicos, o investimento, de forma global, e o emprego entraram em uma rota descendente. Na questão previdenciária, por exemplo, Lisboa colocou ao ministro a necessidade de se estabelecer uma idade mínima para a aposentadoria.
“No Brasil, o homem se aposenta com 55 anos, enquanto em outros países a idade mínima é de 65 anos”, disse Lisboa. Na avaliação dele, a questão previdenciária no Brasil obedece critérios muito peculiares e citou, por exemplo, a utilização de depósitos judiciais pelo governo do Rio de Janeiro para acerto de suas contas. “Mas são medidas que só mascaram o problema, adiam o problema.”
Investimento. Um outro interlocutor do ministro disse que também foi tratado nas conversas a forma como o governo poderia empregar os recursos de R$ 22 bilhões do FI-FGTS para projetos de infraestrutura. “O ministro tem ciência de que é preciso harmonizar a necessidade de continuar mirando o equilíbrio fiscal com a volta do crescimento e retomada dos investimentos. É preciso estimular o nível de atividade, porque está despencando, e não cometer o erro do ano passado, que ficou só no ajuste fiscal e deu errado”, comentou.
Também foi cogitada nas conversas a possibilidade de se usar recursos do Novo Banco de Desenvolvimento, o Banco dos Brics, para aumentar os investimentos em logística e infraestrutura no País.
Veículo: Jornal O Estado de S. Paulo