Em 10 anos, inflação dos alimentos é quase o dobro da geral em Santa Maria

Leia em 2min 20s

                                                   Entenda o que diferencia o fenômeno atual da hiperinflação da década de 1980.

A inflação não é um fenômeno novo na história econômica do brasileiro. Quem tem mais de 35 anos lembra bem dos tempos da hiperinflação, que chegava a dois dígitos mensalmente. Mas, após o advento do Plano Real, o país viveu um período de relativa estabilidade dos preços. Nos últimos anos é que o comportamento começou a fugir à regra e desobedecer as metas estabelecidas na política econômica.

Em 2015 e neste início de 2016, a inflação acelerada pela crise econômica no país e pelos gastos do governo tem resultado em novos recordes que preocupam empresários, consumidores e também os responsáveis por manter a economia nos trilhos. É o que economistas têm chamado de “a maldição dos 13”, quer dizer, há 13 anos não se tinha uma inflação anual tão alta, um câmbio tão desvalorizado para o real e um saldo tão baixo na poupança dos brasileiros.

Embora as previsões mostrem que 2016 não deverá repetir os quase 11% de alta generalizada de preços e apontem para 2017 uma retomada no crescimento e na estabilização, a população vem perdendo poder de compra gradativamente, especialmente aquelas pessoas com faixa de renda mais baixa.

Isso ocorre porque a inflação dos alimentos têm sido muito superior à inflação geral. De junho de 2006 a dezembro de 2015, os alimentos subiram, em média, 142% em Santa Maria, enquanto a alta geral do custo de vida, medida pelo Centro Universitário Franciscano (Unifra), foi de 86% no mesmo período.

O prejuízo é maior para os mais pobres porque é a parcela da população que gasta mais, proporcionalmente, para se alimentar do que para outros gastos, como lazer.

– Tenho visto os preços subindo muito. Não tem como escapar, então tento garantir a qualidade e comprar produtos mais naturais, que acabam custando menos do que os industrializados – afirma a estudante Priscila Pacheco, 19 anos.

Custos mais altos

Comerciantes, que têm um custo cada vez maior com luz, combustíveis e mão de obra, acabam repassando rapidamente ao consumidor, e notam a trajetória dos preços:

– Os alimentos oscilam muito, e o tomate é o campeão. Tem semanas em que na segunda eu compro uma caixa por R$ 35 e na quinta, por R$ 80. É a oferta e a demanda, o clima, várias coisas influenciam – diz o dono da fruteira Fruta Mania, Claiton Colpo.

A oscilação no valor dos alimentos é considerada sazonal por economistas, já que a estação do ano e o regime das chuvas afetam a oferta dos produtos. Porém, o que se vê, nos últimos anos, é que a alta nos meses de entressafra não tem sido compensada na época da colheita, gerando uma inflação acumulada.

 



Veículo: Jornal Zero Hora - RS


Veja também

Crédito, massa de salários e carteira assinada afetaram varejo, diz IBGE

                    ...

Veja mais
Vendas no País têm redução de 4,3%

Após 11 anos de crescimento ininterrupto, as vendas do comércio fecharam 2015 com uma queda de 4,3%, segun...

Veja mais
Alimentação ajuda a desacelerar IPC-S

O grupo Alimentação, cuja taxa de inflação recuou de 2,45% na primeira quadrissemana de feve...

Veja mais
46% dos brasileiros esperam piora da economia em 2016, diz pesquisa

                    ...

Veja mais
Mercado projeta inflação a 7,61% neste ano

O Relatório de Mercado Focus trouxe ainda um reflexo da surpresa com o IPCA de janeiro, acima do teto das estimat...

Veja mais
Compras na região do ABC sobem três vezes mais que inflação em 11 meses

As compras em hipermercados e supermercados do Grande ABC continuam a encarecer acima da inflação. Em rela...

Veja mais
Apesar da crise, salários têm ganhos em 2015

                       Pesquisa apo...

Veja mais
IGP-M acumula alta de 12% em um ano

                    ...

Veja mais
Mercado projeta mais inflação e queda maior do PIB em 2016

                     &nbs...

Veja mais