O desemprego e a queda na renda afetam toda a cadeia da economia. Com a indústria vendendo menos, cada vez mais gente fica desempregada.
A economia brasileira encolheu 3,8% em 2015. Esse foi o pior resultado em 25 anos. O desemprego e a queda na renda do consumidor têm impacto em toda a cadeia da economia.
O plano da microempresária Juliana Conti era trocar de carro no ano passado. Ela queria um carro maior para atender mais eventos e vender mais espetinhos, só que o preço da carne subiu 11% e a renda do brasileiro caiu. “Eu vendia uma média de 500 espetos por dia e agora com a queda a gente está fazendo uma média de 300, na semana de pagamento dá para chegar nos 350 ainda. Entrar em um financiamento agora é muito arriscado. Então a gente achou melhor segurar um pouco”.
O consumidor que conseguiu manter o emprego, e resistiu à inflação, quando chega numa loja para comprar um carro enfrenta agora outro problema: a dificuldade para conseguir crédito. Por causa disso, a venda de carros no Brasil despencou no ano passado. Segundo a federação que representa as concessionárias, em 2015 a venda de carros no país caiu 24% em relação a 2014.
A queda nas vendas de veículos fez as montadoras reduzirem a produção em 23% e demitirem quase 15 mil trabalhadores em 2015.
No final do ano passado, os pátios estavam lotados e o estoque era suficiente para quase dois meses de vendas. Só agora as montadoras conseguiram equilibrar a produção e vender parte dos carros que estavam parados. Isso foi feito freando a linha de montagem e, consequentemente, deixando de comprar os componentes na indústria de autopeças.
A fábrica que faz parafusos, pinos, eixos e outros componentes que são usados nos carros está com as máquinas paradas, porque os pedidos das montadoras caíram 90% em um ano. Antes eles faturavam R$ 100 mil por mês e agora faturam R$ 10 mil.
A indústria automobilística foi a que mais sofreu em 2015 e essa cadeia ainda tem impacto em outros setores. A falta de pedidos das montadoras fez o setor de serviços de transporte ter uma redução de 6% no ano passado. Ainda mais prejudicado foi o setor de transportes terrestres, com redução de 10%. Em uma transportadora de São Paulo, a queda no faturamento foi de nove por cento. O jeito foi demitir parte dos funcionários.
Veículo: Portal G1