Afetados diretamente pelo desânimo dos produtores de chocolates e guloseimas para essa Páscoa, os comerciantes de matérias-primas, como barras de chocolate, embalagens e frutas, também não apostam em um grande resultado para o período em 2016.
Nem mesmo os produtores caseiros, que costumam buscar uma fonte de renda alternativa, especialmente em época de desemprego. A microempreendedora individual Érica Martins fundou a Art et Chocolat, no bairro Sagrada Família, na região Leste, em 2014, depois de idas e vindas na profissão de administradora. O que começou como um complemento de renda se transformou na sua principal atividade, mas a Páscoa de 2016 não sinaliza, até agora, um período de bonança.
“Essa será uma Páscoa mais fraca por causa da crise. Todos os meus colegas que atuam na área estão sentindo uma queda no número de pedidos e a redução nos tamanhos dos ovos encomendados. No meu caso, diminui o volume de compras de matéria-prima e achei na internet uma alternativa com preços mais baratos. A saída é entender o que o cliente precisa usando a criatividade sem abrir mão da qualidade e sem aumentar os preços”, ensina Érica Martins.
Diante desse cenário, a proprietária da Minas Chocolate, Ana Cristina Rodrigues da Silva, lamenta a queda nas vendas. Só de uma das marcas de chocolate que chegou, em anos anteriores, encomendar mil caixas, este ano reduziu para 50. “Estou, depois de 25 anos, alterando o mix da loja, deixando a confeitaria um pouco de lado e investindo em produtos de saúde e qualidade de vida. Além da inflação, o chocolate ainda sofreu um aumento de imposto que penalizou os comerciantes que não podem repassar os custos na totalidade sob pena de não vender mais nada”, reclama Ana Cristina Silva.
Na gerência da Rei do Chocolate, Paulo Américo Santos se esforça para manter o ânimo mesmo diante do fraco movimento. Só agora as barras de chocolate e outros insumos como formas papéis e fitas para embalagem começaram a sair nas três lojas do centro e uma da Savassi. A tendência, de acordo com a experiência de quem está a 45 anos no mercado, é de que os resultados das vendas de Páscoa permaneçam estáveis na comparação com o mesmo período de 2015.
“A alta dos preços foi muito grande ao longo do ano passado e estamos segurando os repasses ao máximo. Os produtores caseiros ainda não apareceram. Acredito que estejam segurando o investimento com medo da crise. A Páscoa já não é mais uma data tão especial para nós. As vendas no Carnaval foram surpreendentes e o consumo tem sido mais homogêneo ao longo do ano”, explica Santos.
Veículo: Jornal Diário do Comércio - MG