Janeiro marcou um tombo nas concessões de crédito, em especial para as empresas, segundo o Banco Central. Tão intenso foi o recuo do crédito que também diminuiu o saldo total das operações, acrescido no dia a dia pelos juros contratados no momento das concessões. Os números são indicativos do aprofundamento da recessão econômica, fenômeno já constatado no último trimestre de 2015 e que se acentua em 2016.
Entre dezembro de 2015 e janeiro de 2016, os saldos dos empréstimos totais caíram 0,6%, de R$ 3,218 trilhões para R$ 3,199 trilhões, enquanto as concessões mensais diminuíram 25,2%, de R$ 343,3 bilhões para R$ 256,7 bilhões. Em 12 meses, até janeiro, os saldos nominais ainda cresceram 6,3%, enquanto as concessões cediam 4,3%. A relação crédito/PIB caiu de 54,3% para 53,7%.
As concessões de crédito para pessoas jurídicas caíram 36% no mês, de R$ 173 bilhões para R$ 110 bilhões. Em termos reais, a queda do ritmo de concessões às empresas, de 14% no quarto trimestre de 2015, ficou em 23,3% no mês passado, nos cálculos do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi). As concessões de capital de giro foram as mais atingidas (-39,5%) – e estão entre as que retratam mais fielmente o nível de atividade das empresas.
Há várias razões para o encolhimento do crédito, a começar dos juros médios, que subiram 2 pontos porcentuais para as empresas (de 20,7% ao ano em dezembro para 22,7% ao ano em janeiro) e 1,3 ponto para as pessoas físicas (de 37,9% para 39,2% ao ano).
Ao mesmo tempo, os spreads (diferença entre os custos de captação e de aplicação) avançaram 1,8 ponto e 1,2 ponto.
As pessoas jurídicas reduzem a demanda de empréstimos por falta de negócios (ou seja, não têm duplicatas ou outros créditos a receber) e por não estarem investindo em máquinas, equipamentos e novas instalações para aumentar a produção. As operações de crédito direcionado às empresas foram de R$ 10,1 bilhões, em janeiro, e de R$ 10,3 bilhões para as pessoas físicas – quedas de 65,1% e de 42,6% em relação a dezembro. O custo anual dessas operações aumentou de 10% para 12,3% para as empresas e de 9,7% para 9,9% para as pessoas físicas, mas, mesmo assim, é favorecido em relação ao dos empréstimos livres.
Entre as raras operações cujos saldos aumentaram para empresas e famílias estão as do cheque especial, cujos altos custos podem ser indicador de maior inadimplência futura.
Veículo: Jornal O Estado de S. Paulo