O ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, acredita que a inflação brasileira iniciará processo mais evidente de desaceleração a partir de abril, quando será sentido o efeito da mudança da bandeira tarifária nas contas de energia elétrica. “Nossa previsão mais atual é de inflação de 7,1%, mas nossa expectativa é que a inflação pode cair abaixo disso. E o ministro de Minas e Energia colocou um dado importante que é a expectativa de mudança da bandeira tarifária com redução de preços a partir de abril”, disse Barbosa durante o primeiro do encontro financeiro das 20 maiores economias do mundo, o G-20, na sexta-feira em Xangai, na China. “Acho que nas projeções que nós fazemos e o mercado faz essa redução da inflação começa mais a partir de abril”, previu.
Além do efeito das bandeiras tarifárias na energia, Barbosa lembrou também que, no ano passado, foi no mesmo mês de abril que as tarifas elétricas foram reajustadas. Assim, a inflação em 12 meses deixará de carregar esse aumento de quase um ano atrás. “Mas estamos trabalhando para que seja menos que isso”, disse, ao se referir à previsão oficial do Ministério de inflação de 7,1% neste ano.
Sobre as contas públicas, o ministro da Fazenda não quis comemorar a volta ao superávit primário anunciada na última quinta-feira. “Ainda estamos no início do ano e esperamos ter melhora durante o ano. Janeiro é tradicionalmente um mês de resultado favorável e estamos trabalhando para elevar o resultado bem acima do que foi no ano passado”, disse. Depois de oito meses de desempenhos negativos, as contas do governo central voltaram para o azul em janeiro, ao registrarem superávit primário de R$ 14,835 bilhões.
Reservas - Barbosa se manifestou contrário a uma proposta em discussão dentro do PT de usar parte das reservas internacionais para ajudar a economia a superar o atual momento negativo. “Eu não acho que uso das reservas nesse momento de turbulência seja uma opção adequada”, disse, ao ressaltar que, assim como todas as propostas da base governista, o plano será recebido e analisado pela equipe econômica.
“Nesse momento de maior turbulência financeira, é muito importante ter elevado estoque de reservas internacionais. Isso tem dado mais estabilidade financeira e cambial ao Brasil”, disse.
Barbosa reconhece que o custo para manter as reservas é elevado. Mesmo assim, defende a manutenção, pois os benefícios superam o ônus no Brasil. “As reservas obviamente têm um custo elevado porque nós aplicamos a taxas internacionais e nos financiamentos a taxas domésticas, mas isso gera o beneficio que é dar mais autonomia de política econômica ao Brasil”, disse. “Isso permite, entre outras coisas, discutir propostas dos principais partidos do governo”, completou.
Veículo: Jornal Diário do Comércio - MG