PIB de Minas caiu 4,9% em 2015, diz FJP

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                                                                   Foi o pior desempenho desde que o indicador passou a ser calculado

O Produto Interno Bruto (PIB) de Minas Gerais caiu 4,9% no ano passado frente a 2014. Foi o pior desempenho da economia do Estado desde que o indicador passou a ser calculado, em 2003, e reflete, principalmente, o mau desempenho da indústria em 2015.

Somente no quarto trimestre em relação ao mesmo período do exercício anterior, a retração foi de 7% e, na comparação com o terceiro trimestre, de 1,8%. Os dados foram divulgados ontem pela Fundação João Pinheiro (FJP).

O desempenho mineiro foi pior do que a média nacional uma vez que no País o PIB apresentou queda de 3,8% no ano passado. No último trimestre frente ao mesmo período de 2014, a economia brasileira teve retração de 5,9% e na comparação com o trimestre anterior, de 1,4%.

Segundo o coordenador do Sistema de Contas Regionais de Minas Gerais da FJP, Raimundo de Sousa Leal, o Estado teve um desempenho inferior ao do País por uma série de fatores. O primeiro foi a queda mais acentuada na geração de energia, por causa da redução no nível dos reservatórios. O segundo motivo foi o rompimento da barragem da Samarco, em Mariana, que jogou para baixo os resultados da indústria extrativa mineral no Estado. E, por último, um pior desempenho da agropecuária em função da redução na produção de café, item de maior peso para a economia local do que para a nacional.

No acumulado do ano, a indústria mineira apresentou um desempenho negativo de 9,1%. Apenas a indústria de transformação recuou 12,7% em função de uma redução de 33,1% do segmento automotivo e de 38% no setor de máquinas e equipamentos. Já a área da indústria responsável pela geração de energia e saneamento teve retração de 12,2% por causa da estiagem, que deixou os reservatórios em níveis críticos. A queda na construção civil foi de 8,8% e da extrativa mineral, de 1,1%. O peso da indústria de transformação para o resultado global do PIB foi de 42%; da construção civil, de 16,5%; da indústria de eletricidade e saneamento, de 7,5%; e da extrativa mineral, de 2,4%.

Segundo o pesquisador da FJP, Glauber Silveira, o resultado de 2015 foi a terceira queda seguida do setor industrial, que segue em processo de encolhimento no Estado. Em 2014, houve uma queda de 2,6% e em 2013, de 1,5%. Em 2012, o setor ficou estável. “A indústria tem sido muito afetada pela crise política, recessão econômica e consequente quadro de insegurança e baixo crescimento no País”, afirma.

Serviços - Na mesma base de comparação, o setor de serviços apresentou queda de 2,8%. O maior baque foi no comércio, com queda de 7,9%, seguido por transportes, com redução de 5,9%. O subsetor chamado de outros serviços, que inclui, por exemplo, turismo, alojamento, alimentação, serviços financeiros e pessoais, recuou 3,6%. Dentre os serviços, apenas aluguéis e administração pública tiveram elevação, sendo 1,8% e 0,1%, respectivamente.

Em termos de representatividade no PIB total, o comércio teve um peso de 26,3%, assim como outros serviços, de 22,4% e transportes, de 7,3%. “A atividade de serviços está ligada ao comportamento das famílias e empresas. Foi um ano com inflação alta, o que reflete no rendimento real e massa salarial”, afirma o pesquisador da FJP, Caio Gonçalves.

A agropecuária mineira fechou o ano com queda de 2,3% em Minas Gerais, enquanto teve alta de 1,8% no Brasil. É o terceiro ano seguido que o segmento apresenta retração no Estado, sendo que em 2014 havia caído 6,4% e em 2013, 0,1%.

Segundo o pesquisador da fundação, Thiago Almeida, o setor sentiu o reflexo de clima adverso, com chuvas muito abaixo da série histórica, e preços pouco favoráveis. Uma cultura que impactou fortemente sobre o resultado foi o café que deve ter tido uma safra 1,4% menor do que em 2014, segundo dados preliminares. Do mesmo modo, a extração vegetal e silvicultura também sofreram redução. Isso ocorreu por serem atividades ligadas à metalurgia e produção de celulose e papel, dois setores que tiveram desempenhos fracos.

Mineração - A suspensão das atividades da Samarco, em função do rompimento da barragem em Mariana em novembro, representou um impacto negativo de 0,2 pontos percentuais no PIB de Minas. Caso não tivesse ocorrido o acidente, o Estado provavelmente teria apresentado uma queda de 4,7% e não de 4,9% no acumulado do ano como ocorreu.

Já a indústria extrativa mineral, que fechou o exercício com uma queda de 1,1%, poderia ter alcançado um resultado positivo em 1%, segundo projeções de Sousa Leal.
O reflexo da parada de produção da empresa sobre a economia do Estado é tão expressiva que, analisando o último trimestre de forma isolada, a indústria extrativa teve uma queda de 10,7%. O resultado é bem aquém ao que vinha sendo desenhado ao longo do ano. No terceiro trimestre, por exemplo, o setor havia se mantido praticamente estável, com diminuição de 0,1%. Já nos primeiro e segundo trimestres, houve elevações de 2,4% e 2,2%, sucessivamente.

Na comparação do quarto trimestre com o anterior, o setor industrial como um todo teve uma retração de 3,2%, proveniente de uma queda de 2,7% na indústria de transformação e de 2,8% na construção civil. Já a agropecuária retraiu 3,3% e os serviços, 0,7%. O comércio caiu 2,3%.

 



Veículo: Jornal Diário do Comércio - MG


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