Mercado fica mais pessimista e prevê rombo de R$ 100 bi na conta da União

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O mercado ficou mais pessimista de fevereiro para março nas projeções fiscais para as contas da União. Em relatório divulgado ontem, instituições financeiras preveem que o governo deve ter um rombo de R$ 100 bilhões neste ano.

O número representa uma deterioração de 26,3% em relação à estimativa traçada no documento anterior que apontou déficit primário (despesa maior que receita, sem os juros) de R$ 79, 473 bilhões para 2016.

Na pesquisa de janeiro, o mercado apostava em uma conta negativa de R$ 70,751 bilhões. As projeções estão reunidas no relatório Prisma Fiscal, elaborado pela Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda, com base em informações de 30 instituições financeiras.

O rombo de R$ 100 bilhões previsto pelos bancos é fruto de uma piora nas estimativas de despesas e de receitas da União. No relatório de março, os bancos esperam que o governo federal gaste R$ 9,812 bilhões a mais do que previam em fevereiro.

Já a arrecadação deve vir cerca de R$ 7,491 bilhões menor do que estava prospectado no documento anterior. No total, estima-se despesas de R$ 1,194 trilhão contra receitas de R$ 1,278 trilhão.

Para 2017, o mercado prevê rombo no resultado primário de R$ 103 bilhões, contra conta negativa de R$ 71,329 bilhões informada no relatório de fevereiro.

Roy Martelanc, coordenador de projetos de finanças da Fundação Instituto de Administração (FIA), comenta que a forte deterioração das expectativas é reflexo do prolongamento da crise política instaurada no País desde o ano passado. "Até termos uma clareza maior dos rumos da política, os empresários não vão investir e nem as pessoas vão consumir. Até mesmo quem tem renda está segurando o dinheiro, evitando gastar, preocupado com o desemprego", analisa Martelanc.

Nesse cenário de recuo do consumo e dos investimentos, o pagamento de impostos cai e, consequentemente, a arrecadação tributária e de contribuições também retraem.

Beco sem saída

No lado das despesas, Martelanc pontua que o governo federal está sem margem de manobra para atuar em um momento de queda da economia. "Não dá para cortar mais gastos em meio à recessão, apesar dessa ser uma medida necessária para a recuperação da confiança dos agentes econômicos", avalia o especialista.

Já para Francisco Olivieri, professor de Administração e superintendente-geral do Instituto Mauá de Tecnologia (IMT), o governo federal poderia realizar mais adequações em seu orçamento, porém considera que eliminar despesas agora se traria mais desgaste político. Olivieri lembra ainda que o mesmo Congresso Nacional que está travando medidas de ajuste econômico do executivo federal é o mesmo que aprovou orçamentos deficitários nos anos de 2014 e de 2015. "O Congresso foi conivente com os déficits que tivemos nos últimos dois anos", ressalta o professor.

Enquanto o mercado prevê déficit primário de R$ 100 bilhões em 2016 e de R$ 103 bilhões em 2017, o governo espera rombo de R$ 96 bilhões e de R$ 50 bilhões para os mesmos anos, respectivamente.

Segundo trimestre


As estimativas fiscais do mercado para os meses de abril, maio e junho também tiveram piora, apesar de ser esperado um superávit primário para este mês que deve ser ajudado pelos acertos do Imposto de Renda (IR). As instituições financeiras projetam resultado positivo de R$ 3,620 bilhões em abril, contra R$ 5,050 bilhões registrados no relatório anterior. De fevereiro para março, as expectativas para o primário de maio caíram de um rombo de R$ 10,482 bilhões para um déficit de R$ 13,726 bilhões. E, para junho, foi de - R$ 8,222 bilhões para R$ -11,267 bilhões.

 



Veículo: Jornal DCI


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