Pelo terceiro dia seguido, o Banco Central agiu pesadamente no mercado de câmbio, realizando três leilões de swap reverso, que totalizaram US$ 6 bilhões. Ainda assim, o dólar comercial fechou praticamente estável ontem, no patamar de R$ 3,47.
O Ibovespa terminou em baixa de 1,39%, com os investidores embolsando os lucros de altas recentes. O principal índice da bolsa foi influenciado ainda pelo cenário externo desfavorável, especialmente pela queda das commodities.
Os desdobramentos no campo político seguem no foco dos investidores, mas, segundo analistas, o mercado já “precificou” a possível aprovação do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff no plenário da Câmara, no próximo domingo (17). Os juros futuros de longo prazo e o CDS (credit default swap) recuaram com as perspectivas de mudança do governo.
O dólar comercial fechou em leve baixa de 0,02%, a R$ 3,4760, e o dólar à vista, cujas negociações terminam mais cedo, terminou em queda de 0,60%, a R$ 3,5152. A cotação máxima do dia chegou ao nível de R$ 3,53.
A valorização do real ante o dólar ocorreu mesmo após o Banco Central ter realizado três leilões de swap cambial reverso (equivalente à compra futura de dólar pela autoridade monetária). Ao todo, foram 120.000 contratos, que somam US$ 6 bilhões.
Foi o segundo maior volume de swap cambial reverso leiloado em um único dia. O recorde, de US$ 8 bilhões, ocorreu na última terça-feira (12). O terceiro maior foi na quarta-feira (13), US$ 5,250 bilhões.
Pelo terceiro dia seguido, o BC não rolou contratos de swap cambial tradicional (que correspondem à venda futura de dólar) que vencem em maio. Com a estratégia, destacam analistas, o BC aproveita o momento de baixa do dólar para reduzir sua posição vendida, ao mesmo tempo que evita oscilações bruscas da moeda.
As operações de ontem reduziram o estoque de swap cambial tradicional do BC para US$ 80,520 bilhões. Em 18 de março, quando anunciou que retomaria os leilões, o estoque era de US$ 108 bilhões. Somente nesta semana, o BC colocou 405 mil contratos de swap cambial reverso, totalizando US$ 20,25 bilhões.
“Ainda há no mercado muitas posições compradas em dólar sendo desfeitas, e, como amanhã [sexta] é o último dia útil antes da votação do impeachment na Câmara, a pressão vendedora está muito forte”, afirma Ítalo Santos, especialista em câmbio da corretora Icap.
A pressão de baixa do dólar, em função das expectativas no cenário político, se sobrepôs ao cenário externo negativo. Os preços das commodities recuaram e o dólar subiu frente à maior parte das moedas globais nesta quinta-feira.
Bolsa - O Ibovespa chegou a subir na parte da manhã, mas inverteu o sinal, em um movimento de realização de lucros, ampliado pelo cenário externo negativo. O principal índice acionário fechou em queda de 1,39%, aos 52.411,02 pontos. O giro financeiro foi de R$ 8,872 bilhões. No acumulado do ano, no entanto, o índice tem alta de 20,9%.
O papel PNA da Vale perdeu 6,75%, a R$ 13,80, e o ON caiu 7,00%, a R$ 18,20, pressionados pela queda do preço do minério de ferro na China. Entre as siderúrgicas, CSN ON recuou 11,98%, Gerdau PN, -10,53% e Usiminas PNA, -9,90%, devolvendo parte dos ganhos expressivos das últimas sessões.
As ações PN da Petrobras recuaram 3,68%, a R$ 9,16, e a ON, -3,04%, a R$ 11,47. Os preços do petróleo chegaram a subir mais cedo, mas mudaram de direção.
No setor financeiro, Itaú Unibanco PN perdeu 2,90%; Bradesco PN, -2,41%; Banco do Brasil ON, -1,79%; Santander unit, -2,10%; e BM&FBovespa ON, +1,79%.
Veículo: Jornal Diário do Comércio - MG