As previsões de recuo do produto interno bruto (PIB) para 2016 seguem pessimistas. As principais instituições apontam retração de até 0,8% no resultado do primeiro trimestre de 2016, e uma queda de até 4% nos 12 meses do ano.
Em seu relatório institucional atualizado e divulgado na semana passada, o Bradesco apontou queda de 0,7% do PIB no primeiro trimestre deste ano, e manteve sua indicação de 3,5% de retração anual da economia brasileira. Na mesma toada, o relatório institucional do Itaú já projetava queda de 0,8% nos três primeiros meses do ano, e um tombo de 4% da economia em 12 meses fechados em dezembro de 2016.
O pessimismo nas premissas das instituições financeiras é confirmado por dados mais recentes do Banco Central que afirmam que atividade econômica está em queda há 14 meses consecutivos.
O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) apresentou queda de 0,29%, em fevereiro deste ano, na comparação com o mês anterior, de acordo com os dados dessazonalizados (ajustado para o período). Os dados foram divulgados na última sexta-feira pelo BC.
Em relação ao mesmo mês do ano passado, houve queda de 4,54%, nos dados sem ajustes porque a comparação é feita entre períodos iguais. Nos dois meses do ano, contra o mesmo período de 2015, houve queda de 6,14%. Em 12 meses encerrados em fevereiro, a retração chegou a 4,63% (dados sem ajuste).
O IBC-Br é uma forma de avaliar a evolução da atividade econômica brasileira, além de ajudar o BC a tomar decisões sobre a taxa básica de juros, a Selic. O índice incorpora informações sobre o nível de atividade dos três setores da economia: indústria, comércio e serviços e agropecuária, além do volume de impostos. Mas o indicador oficial sobre o desempenho da economia é o Produto Interno Bruto (PIB), elaborado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Pelos dados do IBGE, no ano passado, o PIB brasileiro recuou 3,8%. E em 2016, pelas expectativas do Fundo Monetário Nacional (FMI) e da pesquisa Focus do Banco Central com mais de cem economistas o País deverá apresentar nova queda de 3,8%. A previsão se confirmada evidenciará a pior crise do País desde a Crise do Café na Grande Depressão (1929-1930), quando o Brasil registrou dois anos seguidos de retração na atividade, ou mais aguda da série histórica iniciada em 1901.
No final do mês passado, o BC informou que mudou a metodologia de cálculo do IBC-Br, divulgado desde março de 2010, com o objetivo de "refletir a evolução contemporânea da atividade econômica do país e contribuir para a elaboração de estratégia de política monetária", diz a autoridade.
Foram incorporados alguns indicadores, como a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) em substituição à Pesquisa Mensal de Emprego (PME) e a ampliação do uso da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), além do aperfeiçoamento metodológico do Sistema de Contas Nacionais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
"A despeito das modificações implementadas, as séries do IBC-Br antes e após as alterações descritas apresentam evolução similar", trouxe o slide de apresentação do diretor de Política Econômica do Banco Central, Altamir Lopes.
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) é mais completa que a antiga Pesquisa Mensal de Emprego (PME), que era concentrada apenas nas principais regiões metropolitanas do Brasil.
Indicadores dos bancos
Ainda entre as previsões divulgadas pelo Bradesco na última semana em relatório institucional, o banco aponta que o desemprego ficará em 10,2% em 2016, enquanto a massa salarial poderá recuar 1,8% nesse mesmo período de 12 meses. Mais pessimista, o Itaú já apontava desemprego de até 13% ao final do período em referência a Pnad Contínua, a pesquisa mais completa de ocupação oficial do IBGE.
Diante da perspectiva de recessão pelo segundo ano consecutivo, a queda na renda das famílias pode até afetar a composição das classes sociais, com integrantes da classe B (média alta) sendo rebaixados para a classe C (média baixa).
Pelos dados do relatório institucional do Bradesco, a Classe C, com renda mensal entre R$ 1.320 e R$ 5.275 representa hoje 54% da população. Já a classe B (média alta) com renda mensal entre R$ 5.275 até R$ 7.974 possuem participação de 5,7% na população.
No topo da pirâmide, a Classe A, com renda mensal acima de R$ 7.975 somam apenas 3,3% da população brasileira. A Classe D (baixa) que vive com renda entre R$ 797 até o valor de R$ 1.319 possui participação de 16,9% em nossa sociedade, ao passo que a Classe E que sobrevive na pobreza com até R$ 796 por mês ainda representa 20,1% da população, ou seja, de cada 10 brasileiros, 2 enfrentam essa realidade com poucos recursos.
Em 2007, as classes A e B somavam 9,3% da sociedade, e pelos dados coletados pelo Departamento de Pesquisas Econômicas (Depec) do Bradesco agora encolheram para 9%.
Veículo: Jornal DCI