Queda do PIB indica condições de recuperação do país, diz economista

Leia em 3min

O resultado do Produto Interno Bruto (PIB), divulgado quarta-feira (1º) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), indica que a economia do país pode ter atingido o “fundo do poço” e agora começa a gerar condições iniciais para uma recuperação econômica. A avaliação é do economista Rafael Cagnin, do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI).

Segundo ele, o resultado é um sinal de estabilização do ritmo de desaceleração, mas “não dá para falar em recuperação ainda”. “Grande parte do resultado está relacionada à própria dinâmica da crise. Depois de um tempo longo e de quedas muito agudas, é natural que se estabilize o ritmo de queda. Isso faz com que, no fundo, vá se gerando condições iniciais para recuperação”, afirmou Cagnin.

O Produto Interno Bruto (PIB – soma de todos os bens e serviços produzidos no país) fechou o primeiro trimestre do ano em queda de 0,3% na série sem ajuste sazonal, somando R$ 1,47 trilhão em valores correntes. O resultado é a quinta queda consecutiva nesta base de comparação. Em relação aos quatro últimos trimestres, encerrados em março, a queda acumulada foi de 4,7%, a maior retração para o acumulado em 12 meses desde 1996.

Recuperação

“Depois de tantas quedas, já é hora de você estabilizar. Do ponto de vista das empresas, o que elas contribuíram para a queda do PIB [no passado] foi praticamente cortar ou adiar projetos de investimento. Chega uma hora que você não é mais capaz de fazer isso”.

“O não investimento durante muito tempo implica uma obsolescência da estrutura produtiva, consequentemente uma perda de produtividade. Chega um momento em que você precisa realmente desengavetar projetos para garantir pelo menos a situação atual”, esclareceu o economista.

De acordo com Rafael Cagnin, o processo é similar com as famílias. “Você adia todos os projetos de aquisição de bens de consumo duráveis, mas, depois de muito tempo, essa necessidade de reposição vai aparecendo. É isso que estou falando que a crise abre caminho para a própria recuperação”.

Indústria

A queda do PIB no primeiro trimestre reflete retrações em praticamente todos os setores da economia, com destaque para Formação Bruta de Capital Fixo (investimento em bens de capital), com queda de 2,7% na comparação com o trimestre anterior.

Na sequência, a indústria registrou -1,2%. N agropecuária e serviços, a queda alcançou, respectivamente, -0,3 e 0,2%. O consumo das famílias fechou com retração de 1,7%. A exceção foi o consumo do governo, que fechou positivo em 1,1%.

Para Cagnin, o desempenho da indústria foi um destaque. “O elemento novo é que, desde 2015, a indústria de transformação sempre puxou para baixo o PIB. Nesse início de ano, foi a primeira vez que a queda da indústria se equivale à queda do PIB. Ela vai perdendo a força de deprimir a economia como um todo.”

Exportações

Conforme os dados divulgados quarta-feira pelo IBGE, o comércio exterior teve forte influência no PIB. As exportações de bens e serviços tiveram expansão de 6,5%, enquanto as importações de bens e serviços recuaram 5,6%.

“A gente vê a importância que a taxa de câmbio tem para que as empresas consigam encontrar saídas para a depressão para o ritmo de atividade delas. As exportações contribuíram bastante. As importações continuam em queda, em um ritmo relativamente estabilizado, o que sugere algum processo de substituição de importações. A taxa de câmbio foi um fator bastante importante para esse desempenho um pouquinho melhor”, concluiu Cagnin.

 



Veículo: Site Jornal do Brasil


Veja também

IPC-S da 4ª quadrissemana de maio cai em 4 das 7 capitais analisadas

O Índice de Preços ao Consumidor - Semanal (IPC-S), calculado pela Fundação Getulio Vargas (...

Veja mais
Bolsa de valores registra valorização de 1,12% após a divulgação do PIB

A divulgação de dados econômicos melhores que o esperado foi determinante para a Bovespa a fechar on...

Veja mais
PIB: queda de 0,3% é mais branda do que se esperava

                    ...

Veja mais
Incertezas sobre o final da recessão permanecem após divulgação do PIB

O desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre de 2016 surpreendeu os analistas ao registrar quedas m...

Veja mais
Queda de 0,3% no PIB do 1ºtrimestre é melhor resultado desde o 4º trimestre

A queda de 0,3% no PIB do primeiro trimestre ante o trimestre imediatamente anterior foi o melhor resultado trimestral d...

Veja mais
Retomada econômica é possível

                    ...

Veja mais
Mercado eleva projeção para IPCA neste ano

As expectativas do mercado financeiro para a inflação deste ano registraram mais uma alta. A mediana das p...

Veja mais
Projeção para Selic no fim de 2016 sobe de 12,75% para 12,88%

O Relatório de Mercado Focus, divulgado ontem pelo Banco Central (BC), projeta que a taxa básica de juros ...

Veja mais
Perspectiva da Selic em 2016 sobe, mas para 2017 é reduzida

Economistas de instituições financeiras elevaram a projeção para a taxa básica de jur...

Veja mais