Nem Dia das Mães salva o comércio

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Rio de Janeiro – As vendas do comércio varejista caíram 1% em maio ante abril, na série com ajuste sazonal, informou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na comparação com maio de 2015, sem ajuste sazonal, as vendas do varejo tiveram baixa de 9% em maio de 2016, no pior resultado para o mês desde 2001. Já em relação a abril, a retração das vendas em maio – mês do Dia das Mães, segunda melhor data para o varejo – foi a maior para o mês desde 2000. As vendas do varejo restrito acumulam retração de 7,3% no ano e recuo de 6,5% em 12 meses.

Quanto ao varejo ampliado, que inclui as atividades de material de construção e de veículos, as vendas caíram 0,4% em maio ante abril, na série com ajuste sazonal. Na comparação com maio de 2015, sem ajuste, as vendas do varejo ampliado tiveram baixa de 10,2% em maio de 2016. Nesse confronto, as projeções variavam de retração de 8,70% a 5,90%, com mediana negativa de 7,60%. Até maio, as vendas do comércio varejista ampliado acumulam queda de 9,5% no ano e recuo de 9,7% e 12 meses.

No conceito ampliado, o recuo de 10,2% no volume vendido foi o segundo mais negativo da série histórica, atrás apenas da taxa de -10,4% registrada em maio do ano passado. “Mas as vendas recuam 10,2% em cima de uma base já bastante baixa, de queda de 10,4%”, lembrou Isabella Nunes, gerente na Coordenação de Serviços e Comércio do IBGE. O índice de média móvel trimestral das vendas do comércio varejista restrito caiu 0,5% em maio, enquanto no varejo ampliado esse indicador teve recuo de 1,1% em maio.

Os dados relativos às vendas de maio e abril reforçam a visão sobre a profundidade da crise pela qual passa a economia e aponta para demora da recuperação das vendas apesar de, na margem, haver estabilização de alguns indicadores antecedentes, disse ontem a economista-chefe da SPC Brasil, Marcela Kawauti. “O mercado esperava uma pequena alta”, disse Marcela ao comentar a queda do comércio em maio. Ela destaca as informações que dão conta das vendas acumuladas. “Gosto de olhar os acumulados, que retiram os efeitos sazonais, mas eles também estão ruins”, disse.

O único item positivo das vendas de maio é o de artigos farmacêuticos, observou a economista da SPC Brasil. “O resto está caindo muito forte, inclusive os itens de preços menores”, disse ao destacar os grupos vestuário, com queda de 11,4%; móveis e eletrodomésticos, com queda de 15,4%; livros, revistas e jornais, com recuo de 14%; e materiais de escritório, caindo 12%. De acordo com a economista, o varejo vai continuar negativo e deve fechar o ano em queda. “Embora a economia como um todo deva começar a se estabilizar no segundo semestre, as vendas devem continuar em queda. Só vão se estabilizar quando o mercado de trabalho começar a contratar. E o mercado de trabalho é sempre o último a reagir aos estímulos econômicos, tanto para cima como para baixo”, disse a economista.

Termômetro Em Belo Horizonte, as vendas do comércio registraram queda de 1,56% no acumulado de janeiro a maio deste ano em relação a igual período do ano passado, segundo informou ontem a Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH).

Veículo: Estado de Minas


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