Contra a crise, Temer pede definição de agenda de estímulos à economia

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Fazenda e Planejamento temem que ele repita erros cometidos por Dilma e lance medidas onerosas ao Tesouro, mas pouco eficazes para recuperar a confiança e o crescimento
 
Ao contrário do que pretendia o presidente interino, Michel Temer, a reunião do núcleo do governo terminou ontem sem que fossem anunciadas medidas para reanimar a economia. A equipe econômica respirou aliviada ao conseguir conter os desejos políticos do presidente, cuja intenção era lançar um pacote de bondades para conquistar a classe média, de olho nas eleições de 2018. Havia o temor de que o governo repetisse os erros da presidente afastada, Dilma Rousseff, que anunciava, a toda hora, decisões que custavam caro ao Tesouro — minando, com isso, a confiança do setor produtivo do governo —, sem alcançar o objetivo de retomar o crescimento.
 
Pouco produtivo, o encontro mostrou a relutância da área técnica em apresentar medidas com efeito apenas a curto prazo. O principal nesse momento, avaliam os economistas, é tapar os ralos do deficit público e recuperar a confiança dos agentes econômicos — e não abrir os cofres. O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, falou pouco e o interino do Planejamento, Dyogo Oliveira, fez uma apresentação em que destacou a melhora das perspectivas econômicas.
 
Desde a primeira reunião com a equipe, em 22 de junho, Temer pede uma “agenda de trabalho concreta” para estimular a economia. Depois de quase um mês, ele estendeu o prazo em mais 15 dias. Agora, deu aos ministros mais duas semanas, mas pediu rapidez na apresentação das medidas.
 
Para Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho, o mercado está concedendo o benefício da dúvida ao governo pela qualidade da equipe econômica. “Mas ele terá que entregar medidas concretas para sanear as finanças e fazer reformas estruturais. A lua de mel acaba se ele não corrigir os rumos da dívida pública”, afirmou. O capital político de Michel Temer é a única coisa positiva por enquanto, na avaliação de José Márcio Camargo, economista-chefe da Opus Investimentos. “A confusão na Câmara foi controlada e o governo deve ter apoio para aprovar o ajuste fiscal. Mas o prazo termina com o fim do processo de impeachment. Se até lá ele não apresentar projetos de reforma, a reação vai ser muito ruim”, estimou.
 
Com a definição do impeachment como limite para decisões efetivas, a expectativa é de as concessões de projetos na área de infraestrutura fiquem para 2017. No entender de Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (Cbie), Temer assume de fato em setembro. “Em outubro tem eleições e Brasília ficará esvaziada”, lembrou. Como uma das medidas é a ampliação do prazo entre o lançamento do edital e a realização dos leilões, nada será definido este ano, projetou Pires.


Veículo: Correio Braziliense


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