A crise continuou a derrubar o humor do consumidor em março, que bateu recorde negativo pela segunda vez consecutiva. O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) caiu 0,7% ante fevereiro, passando de 94,9 para 94,2 pontos, o menor nível da série histórica, iniciada em setembro de 2005. A queda, no entanto, foi menos intensa do que a de fevereiro do ano passado, que registrou recuo de1,2% em relação a janeiro.
Para o coordenador do Núcleo de Pesquisas e Análises Econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Aloísio Campelo, a disseminação do pessimismo quanto ao futuro da economia foi menor em março. "Pode ser que o índice volte a apresentar taxa positiva ainda no primeiro semestre", afirmou.
O índice foi calculado com base em entrevistas em mais de 2 mil domicílios, em seis capitais, entre os dias 2 e 20 de março. As respostas são usadas para cálculo da pontuação em uma escala de 0 a 200 pontos. Quanto mais próximo de 200, maior o nível de confiança do consumidor. Há cinco meses, o ICC se mantém abaixo de 100 pontos, o que configura cenário negativo.
"No mês passado, todos os cinco tópicos que compõem o ICC apresentaram resultados negativos. Este mês, três apresentaram uma pequena melhora, mas dois continuaram piorando, e de forma intensa", explicou Campelo. "Essa tendência de piora parece ter perdido força, e qualitativamente, o resultado da pesquisa está melhor em março do que em fevereiro", afirmou.
No ICC, os dois tópicos que apresentaram desempenho negativo em março foram os de avaliação da situação da economia local e expectativas de compras de bens duráveis. Entre fevereiro e março, o percentual dos entrevistados que avaliam a situação econômica atual como boa reduziu-se de 8,4% para 7,4% do total. Já o percentual de consumidores pesquisados que planejam gastar mais com duráveis nos seis meses seguintes caiu 7,2% para 6,7%; sendo que a parcela dos que pretendem gastar menos aumentou de 39,2% para 40,1%. "Foi o menor nível de intenção de compras de bens duráveis desde o início da pesquisa", disse Campelo.
Desde o início do agravamento da crise, em setembro do ano passado, foi a quarta vez que o ICC atingiu o menor nível da série. O abalo na confiança não foi sentido naquele mês nem em outubro, mas a partir de novembro, não houve como evitar o baque.
Veículo: Jornal do Commercio - RJ