Com alta de 30% nos preços da feira, consumidor muda hábito

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O preço médio dos produtos de hortifrúti e cesta básica teve reajuste médio de 30% de janeiro para este início de agosto, segundo 30 consumidores e dez feirantes ouvidos pelo CORREIO de Uberlândia, na manhã de ontem, em duas feiras livres da cidade. O percentual relatado é 7 vezes maior que a inflação registrada pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) nos seis primeiros meses do ano, de 4,42%. O aumento tem obrigado as pessoas a se adaptarem.

Das pessoas ouvidas, 13 (43,3%) mantiveram a lista de compras intactas e estão gastando mais, dez (33,3%) foram obrigados a reduzir as compras e sete (23,3%) precisaram apelar para a substituição de itens para evitar o aumento de gastos.

As pessoas foram ouvidas nas feiras livres dos bairros Saraiva, na zona sul, e Martins, setor central. Os pesquisados foram unânimes em dizer que houve aumento no preço das mercadorias nos primeiros seis meses do ano. Nas entrevistas feitas pelo CORREIO, os valores de inflação média sentida variaram de 10% a 60% e tiveram média de 30%.

Entre os consumidores, 56,6% buscam alternativas para não aumentar os gastos. Desses, 33,3% reduziram o consumo. A aposentada Darci Silveira disse que pode destinar, no máximo, R$ 90 de seu orçamento, por semana, às compras na feira e produtos da cesta básica. “Estou levando menos coisas porque o dinheiro não está dando mais para comprar tudo que comprava. A gente vai indo do jeito que pode. As frutas e o leite, por exemplo, encareceram bastante e tive que diminuir”, disse.

Os outros 23,3% optaram pela troca de itens, deixando a lista de compras mais flexível. Para a dona de casa Marina Souza Marques, saber o que está compensando adquirir é essencial. “Chego na feira sem saber o que vou comprar. Vou naquilo que está mais em conta. Hoje, por exemplo, vi que está bom para comprar verdura. Semana que vem já posso levar mais frutas”, afirmou.

Novo orçamento

A aposentada Aurora Severino Figueira Venâncio representa o grupo de 43,3% dos consumidores ouvidos pelo CORREIO de Uberlândia, ontem, que disseram ser inevitável gastar mais na feira livre para comprar produtos de hortifrúti e cesta básica. Para ela, a alimentação é um dos últimos setores a se fazer economia. “Não cortei nada porque não tem como deixar de comer. Na idade que a gente está, não tem como trocar itens, tem que priorizar alimentação saudável”, afirmou Aurora Venâncio.

Ainda segundo a aposentada, seus gastos mensais com alimentação, incluindo feira e supermercado, passaram de R$ 350 em janeiro para R$ 500 em agosto, o que representa 42% de aumento.

Lucro menor

Dez feirantes ouvidos pela reportagem do CORREIO de Uberlândia disseram que houve queda média de 50% em suas margens de lucro em um período de seis meses, neste ano. Uma das causas apontadas são os custos da mercadoria em comércio direto com a Central de Abastecimento (Ceasa) que, segundo eles, estão maiores, além da diminuição da compra diária da população.

A feirante Helen Cristina Soares Pessoa disse que, em janeiro, comprava a tonelada de milho por R$ 500 e que a última aquisição, no início de agosto, foi feita por R$ 1 mil, o que representa 100% de alta. “Para o consumidor, aumentamos pouco o valor em vista do que foi para nós. Isso reduziu muito nosso lucro. Além disso, o movimento na feira caiu até 70%. Sem contar que quem vem está comprando menos”, afirmou. Em janeiro, segundo a comerciante, ela vendia seis espigas por R$ 5, agora são quatro exemplares pelo mesmo preço.

O revendedor de queijo Geraldo Portilho, feirante há 27 anos, disse que é o pior momento desde que começou a atuar no ramo. Em janeiro, ele comprava o queijo por R$ 10 e vendia a R$ 16, ganhando R$ 6. Agora, o comerciante compra a R$ 19 e vende a R$ 21, lucrando R$ 2, o que representa uma diminuição de mais de 50% de seu ganho. “Não podemos agredir o consumidor com tantos reajustes se o seu poder aquisitivo não está acompanhando os aumentos”, afirmou.

Fonte: Correio de Hortolândia


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