Mais de 42% dos inadimplentes desconhecem parcelas a pagar no próximo mês

Leia em 4min

Além disso, 34% dos brasileiros com dívidas em atraso não sabem ao certo o valor das contas básicas e 40% desconhecem até mesmo os seus rendimentos. Quase 80% fizeram cortes e ajustes no orçamento

 
Os consumidores brasileiros estão perdidos quando o assunto é educação financeira e conhecimento em relação às próprias contas. Se não a realidade de todos, pelo menos é para grande parte deles. É o que revela uma pesquisa nacional realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), revelada nesta quarta-feira (14), que mostra que mais de 40% dos consumidores desconhecem seus rendimentos, e 42,2% daqueles que estão inadimplentes no País desconhecem o número de parcelas a pagar no próximo mês.
 
Ainda segundo a pesquisa, 33,9% dos consumidores no Brasil não sabem ao certo o valor das contas básicas da casa, além de 40,3% desconhecer sua renda total. Outra amostra preocupante se refere à desorganização nas economias pessoais: quatro em cada dez brasileiros inadimplentes não têm conhecimento sobre os valores dos produtos e serviços comprados a crédito que serão pagos no próximo mês (43,5%) e nem quais são eles (43,5%).
 
Os dados são preocupantes já que a falta de atenção em relação à educação financeira e o desconhecimento a respeito das próprias contas são algumas das razões que usualmente dificultam o pagamento das dívidas atrasadas e a organização do orçamento familiar. Ou seja, cria-se um círculo vicioso de gastos e falta de renda que vão atingindo, cada vez mais, o bolso dos consumidores brasileiros. E quanto mais desorganizado é o consumidor, mais riscos corre para se tornar inadimplente.
 
De acordo com o educador financeiro do SPC Brasil, José Vignoli, estar a par do orçamento é essencial para uma vida financeira livre dos riscos da inadimplência. “O baixo conhecimento das contas, das parcelas a pagar e dos produtos e serviços adquiridos por meio do crédito indica que o consumidor perdeu o controle da situação. Nesse cenário, é extremamente difícil sair da inadimplência, pois a pessoa se torna incapaz de negociar melhor as dívidas e até mesmo de identificar as áreas em que é preciso realizar ajustes e cortes de gastos”, afirma Vignoli.
 
Prova disso é que 23,5% dos inadimplentes nunca ou, na minoria das vezes, conseguem fechar o mês com todas as contas pagas. “Seja qual for o motivo que levou o consumidor a tornar-se inadimplente, uma coisa é certa: deixar de acompanhar atentamente as próprias finanças e contas só piora as coisas, pois só assim é possível viver dentro do padrão de vida adequado a sua realidade”, aconselha o educador financeiro.
Perfil dos consumidores brasileiros
 
A pesquisa perguntou aos participantes sobre suas prioridades financeiras. As mais citadas foram as compras de alimentos, produtos de higiene e limpeza (43,9%), seguido pelo pagamento no prazo das contas mensais, tais como luz e telefone (30,6%) e o pagamento das dívidas em atraso para limpar o nome (11%).
 
Para a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, com a recessão econômica, o desemprego e os efeitos da inflação, o poder de compra e de pagamento de contas das pessoas foi enfraquecido.
 
“Além da dificuldade dos consumidores em arcar com suas dívidas, as empresas que prestam serviços básicos, como de água, luz e plano de saúde, mostram cada vez mais disposição em negativar os inadimplentes, como forma de acelerar o recebimento dos compromissos em atraso”, explica Kawauti.
Maioria dos inadimplentes reduziu o consumo de supérfluos
 
Apesar da desorganização da maioria dos consumidores, por fatores econômicos, alguns hábitos foram modificados nos lares brasileiros. Ainda de acordo com a pesquisa, a inadimplência, o acesso mais restrito ao crédito e a maior dificuldade no pagamento de dívidas fizeram com que parte significativa dos inadimplentes adotasse ações diferentes. Sendo:
 
79,7% fizeram cortes e ajustes no orçamento;
 
77,7% abriram mão de coisas que consumiam antes;
 
75,9% deixaram de fazer compras parceladas;
 
71,4% agora evitam comprar roupas e calçados;
 
64,0% deixaram de sair com amigos e familiares para bares e restaurantes;
 
56,6% cortaram alimentos supérfluos.
 
Segundo Vignoli, os resultados da pesquisa revelam que os problemas com dívidas em atraso impõem restrições consideráveis ao consumo, obrigando os consumidores a rever o orçamento e se adaptarem à nova condição.
 
“Caso não haja a possibilidade de adotar medidas para aumentar a renda, os consumidores inadimplentes se veem obrigados a abandonar hábitos de compra, trocar marcas tradicionais por outras mais acessíveis e deixar de adquirir determinados itens em favor de outros que são prioritários. São mudanças impactantes no padrão de vida, mas é fundamental para que as pessoas consigam obter sobras financeiras no orçamento e possam pagar as dívidas pendentes”, conclui o educador financeiro.
 
Fonte: Brasil Económico 


Veja também

Mercado de fidelização deve voltar a crescer entre final do ano e começo de 2017

O mercado de fidelização espera uma retomada do crescimento do acúmulo de pontos ou milhas bem como...

Veja mais
IGP-10 muda de direção e tem avanço de 0,36% em setembro

 O Índice Geral de Preços - 10 voltou a subir em setembro, marcando alta de 0,36%, depois de ter fech...

Veja mais
Confiança volta a cair após duas altas

São Paulo - A confiança do consumidor brasileiro voltou a cair em setembro, após subir nos dois mes...

Veja mais
Exportações avançam 4% no 1º semestre

Para analistas consultados pelo DCI, grãos como milho e soja devem se manter em alta, enquanto etanol deve reduzi...

Veja mais
Recuperação de crédito sobe 5,3% em agosto

Já nos valores acumulados em 12 meses, o indicador aponta crescimento de 0,7%  O indicador de recupera&cced...

Veja mais
Notícias da recuperação da economia: meio país falido e vendas despencando

O índice de vendas do comércio varejista com a maior queda dos últimos 15 anos, os estados do Norte...

Veja mais
Varejo se une para dar descontos de até 60% no Dia do Cliente

Compras podem ser parceladas em 18 vezes Rio - Amanhã é comemorado o Dia do Cliente e o presente vem em f...

Veja mais
Cesta básica mensal paulistana tem 2ª queda seguida, aponta Procon-SP

Pesquisa da Fundação Procon-SP, órgão vinculado à Secretaria da Justiça e da D...

Veja mais
Preços em São Paulo desaceleram

O Índice de Preços ao Consumidor (IPC), medido pela Fundação Instituto de Pesquisas Econ&oci...

Veja mais