Exportações avançam 4% no 1º semestre

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Para analistas consultados pelo DCI, grãos como milho e soja devem se manter em alta, enquanto etanol deve reduzir a oferta por conta da forte demanda internacional para a compra de açúcar

 
São Paulo - As exportações do agronegócio brasileiro cresceram 4% no primeiro semestre deste ano na comparação com igual período de 2015, e atingiram o montante de US$ 45 bilhões. Os dados são do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da USP.
 
O problema é que o alto volume das exportações tem impactado na elevação de preços no mercado interno e até provocado a escassez, como no caso do milho, que foi o líder nas exportações no primeiro semestre, com elevação de 131,1%.
 
Os produtores aproveitaram o patamar do câmbio, com dólar ao preço de R$ 3,80, para fechar contratos e adiantar negócios.
 
Para o presidente executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), Alysson Paolinelli, a exportação de grãos, como o milho e a soja, deve seguir em alta, já que os países que importam os produtos brasileiros não são autossuficientes. "A demanda tem um longo fôlego. Os países tem um crescimento populacional alto e precisam de proteínas nobres", disse Paolinelli.
 
Na avaliação do executivo da Abramilho, que também é ex-ministro da Agricultura, é preciso que o governo refaça seus estoques para controlar os preços do grão e não prejudicar outras cadeias, como os suínos e bovinos.
 
O déficit no milho deve ser de 10 milhões de toneladas neste ano, já que a produção está estimada em 90 milhões, mas o consumo interno deve ser de 60 milhões e a demanda pela exportação soma outros 40 milhões de toneladas.
 
No entanto, na opinião da especialista do Cepea, Andreia Adami, o volume comercializado pelo Brasil no exterior deve ser menor no restante do ano.
 
"No segundo semestre, existe uma tendência de redução dos volumes embarcados por conta da sazonalidade que é uma característica do setor, o que se deve também por conta dos embarques da soja que ficam muito concentrados no primeiro semestre", afirmou.
 
Nos dados divulgados pelo Cepea, a exportação da soja em grão cresceu 19,6% frente ao mesmo período do ano passado, e o óleo de soja 1,96%.
 
Etanol

 
Outro item que registrou forte demanda no exterior foi o etanol, segundo no ranking dos mais exportados na primeira parte do ano, com 100,9%.
 
Os preços também subiram. Com a alta da gasolina no último ano e a falta do etanol para atender a demanda, houve uma valorização.
 
A maior produção de açúcar tem impacto na redução do etanol, já que os dois produtos são feitos da mesma planta.
 
Com uma produção estimada em 30 bilhões de litros na safra 16/17, em comparação aos 28,5 milhões do ano anterior, a retração será no etanol anidro, que deve produzir 12 bilhões de litros ante os 13 bilhões de litros do ano passado.
 
Para o analista da Consultoria Safras & Mercados, Mauricio Murici, apesar da recuperação frente a 2015, o desempenho do setor no comércio exterior ainda é baixo. "É um aumento de exportação sobre o ano passado, mas ainda muito pequeno sobre os últimos cinco anos", disse.
 
De acordo com o analista, as usinas têm optado pela produção de açúcar. Isso por conta dos preços no primeiro trimestre na Bolsa de Nova York, variando entre US$ 0,13 a US$ 0,15 centavos, além do cambio favorável, em torno de R$ 4, para fixar preços de açúcar.
 
"As usinas estão fabricando mais açúcar nas últimas quinzenas e reduzindo o nível de etanol. O etanol ainda prevalece, mas a vantagem a cada quinzena dessa safra vem caindo", destacou Muruci.
 
Com isso, desde junho a produção de açúcar vem crescendo. Na segunda quinzena daquele mês, foram 2,8 milhões de toneladas. Já nos primeiros quinze dias de julho, isso chegou a 2,9 milhões de tonelada, e, na segunda quinzena, a 3 milhões de toneladas. Em agosto, a média também foi elevada, com 2,9 milhões de toneladas. "Aí temos uma oferta reduzida de etanol no mercado, com alta de preços."
 
Fonte: DCI 


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