Cesta mais cara em Brasília

Leia em 3min 50s

Não há melhor aliado no combate à inflação dos alimentos do que a boa e velha pesquisa de preços. Comparar os custos de produtos em diferentes supermercados, ainda que de uma mesma rede, pode proporcionar economia anual de até R$ 2.471,56, no Rio de Janeiro, de acordo com um estudo feito pela Proteste — Associação de Consumidores. No Distrito Federal, o consumidor pode deixar de gastar até R$ 1.191,34. Uma boa medida, já que é, na capital federal, onde as famílias pagam mais caro, em média, R$ 550,64, por uma cesta com itens líderes de mercado, carne, frutas e legumes na comparação estados pesquisados.

Por um conjunto de 90 produtos sem marca definida nem perecíveis, os moradores do DF desembolsam, em média, R$ 381,96. Valor que só fica atrás do vendida no Maranhão, que sai por R$ 392,88. Na avaliação de Natalia Dias, analista da Proteste e coordenadora do estudo Guia de Preços de Supermercados, os consumidores de Brasília pagam mais caro pelas compras devido ao maior poder aquisitivo e à menor concorrência de comércios. “Com certeza está correlacionado. O Distrito Federal tem a maior renda per capita do país, mas a concorrência não é tão grande. São dois fatores que elevam o custo de vida”, pondera.

Para driblar os preços, Natalia recomenda que os consumidores pesquisem, não apenas em comércios próximos de onde moram, como também em regiões vizinhas. “O ideal é sempre comparar. Seja em um supermercado próximo ao ambiente de trabalho ou da casa de um amigo ou familiar. Uma vez identificados aqueles com os preços mais baratos, é preciso verificar se mesmo com o deslocamento vai render alguma economia”, destaca. Em Brasília, a Proteste observou uma diferença de 128% no preço do pacote de 1kg de feijão-carioca; e de 102%, no quilo de sal grosso para churrasco.

O servidor público Michel Cardoso, 38 anos, vai no mínimo três vezes por semana a supermercados e faz o possível para comparar os preços em atacadistas. Ele considera vantagem a compra em maior quantidade por um preço mais baixo. “É uma oportunidade que tenho de economizar. Como os gastos com compras estão elevados, qualquer contenção é uma ajuda e tanto”, diz. Ele calcula que, em relação ao mesmo período do ano passado, as despesas com supermercado subiram cerca de 20%.

Substituições
Além das pesquisas, as compras em oferta e substituições de produtos são soluções cada vez mais utilizadas pelos consumidores. O zelo pelo controle de gastos é primordial para a família de Antônio Júnior Dias, 41, que está desempregado há quatro meses. No último mês do seguro-desemprego, ele tem feito o possível para economizar, sem saber quando conseguirá se realocar no mercado de trabalho. “Faço tudo que é possível. Estou trocando mercadorias de marcas mais caras por outras mais baratas e reduzindo a quantidade de compras”, afirma. Outra forma encontrada para controlar os gastos foi abdicar das compras mensais e optar pelas semanais, consumindo sempre em dias de ofertas.

“Hoje, não tenho mais condições de estocar. Ir mais vezes ao mercado e comprar em dias da carne, da verdura, das frutas e legumes sai mais em conta. E sempre procuro o comércio que tem as melhores promoções”, diz Dias. A outra forma encontrada para economizar é por meio dos amigos. “Faço parte de um grupo no WhatsApp em que as pessoas, quando vão ao mercado, sempre tiram fotos de ofertas. Então, isso ajuda muito a saber onde encontrar o melhor preço. Estou no último mês do seguro-desemprego e toda ajuda é valiosa”, diz ele.

A opção por não estocar e realizar compras semanais é a recomendada pela planejadora financeira Myrian Lund, professora da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Mas só isso não adianta. Para ela, é importante definir sempre o valor disposto a gastar, porque até mesmo as ofertas podem ser prejudiciais ao controle do orçamento.

Lista de compras
Para evitar gastos além do necessário, a planejadora Myrian Lund recomenda fazer uma lista de compras com os itens que estão faltando em casa e os que estão acabando e precisarão de reposição breve. Dessa forma, quando o consumidor for ao supermercado, saberá o que procurar, sem perder o foco e ficar deslumbrado com a variedade de ofertas disponíveis. Nessas compras, Myrian aconselha as pessoas a verificarem itens que estejam para vencer. “Os supermercados acabam reduzindo bastante o preço desses produtos. E se você vai consumir o item rapidamente, não há porque comprar outro que vencerá daqui a dois meses, e que estará mais caro”, analisa.

Fonte: Jornal Correio Braziliense 


Veja também

Intenção de Consumo das Famílias cresce 4,1% entre agosto e setembro

Na comparação com setembro de 2015, no entanto, o indicador teve queda de 9,6%, a 45ª consecutiva nes...

Veja mais
Após 6 anos, Black Friday amadurece para tentar mitigar falsas promoções

Trabalho intenso no setor busca apagar o estigma de 'tudo pela metade do dobro'. Número de lojas participantes e ...

Veja mais
Mercado aposta em deficit maior em 2017

Começa a ganhar corpo a desconfiança dos agentes econômicos e do mercado sobre a capacidade de o pre...

Veja mais
Crise faz atacarejo Assaí virar o maior canal de vendas do Grupo Pão de Açúcar

Bandeira registrou avanço de 36,6% no 1º semestre do ano, em relação mesmo período de 2...

Veja mais
EUA: dados ruins da economia são entrave para alta dos juros

Vendas no varejo e produção industrial caem  Nova York - Os dados mornos de vendas no varejo, produ&...

Veja mais
Consumidores das classes D e E são maioria no Cadastro Positivo, revela levantamento do SPC Brasil

Consumidores entre 18 e 38 anos lideram ranking de adesões ao Cadastro Positivo  Os brasileiros de menor po...

Veja mais
Mais de 42% dos inadimplentes desconhecem parcelas a pagar no próximo mês

Além disso, 34% dos brasileiros com dívidas em atraso não sabem ao certo o valor das contas b&aacut...

Veja mais
Mercado de fidelização deve voltar a crescer entre final do ano e começo de 2017

O mercado de fidelização espera uma retomada do crescimento do acúmulo de pontos ou milhas bem como...

Veja mais
IGP-10 muda de direção e tem avanço de 0,36% em setembro

 O Índice Geral de Preços - 10 voltou a subir em setembro, marcando alta de 0,36%, depois de ter fech...

Veja mais