IBC-Br frustra expectativas do mercado, que previa expansão de 0,25%
-BRASÍLIA- A esperada retomada do crescimento ainda não se configurou. Nas contas do Banco Central (BC), a economia brasileira encolheu 0,09% em julho. O dado frustrou as expectativas dos especialistas do mercado financeiro, que apostavam em alta de 0,25% do IBC-Br, o índice calculado pela autoridade monetária.
A queda da economia em julho veio após a expansão de 0,37% em junho, o que poderia indicar os primeiros sinais de uma recuperação da atividade.
Este ano, em apenas dois meses — junho e abril — o índice ficou no terreno positivo. No ano, os dados do BC mostram que a economia encolheu 5,53%. O resultado já contamina as estimativas para o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) no trimestre corrente.
“O desempenho negativo na margem em julho deverá se traduzir em discreta queda do PIB neste terceiro trimestre”, afirmou em relatório o diretor de Pesquisas e Estudos Econômicos do Bradesco, Octávio de Barros. O Bradesco estava mais otimista do que a média do mercado: esperava alta de 0,6% no IBC-Br. ‘VENTOS CONTRÁRIOS’ Para o economista-chefe para a América Latina do Goldman Sachs, Alberto Ramos, a tendência é de que o índice tenha nova contração em agosto, diante da queda esperada para a produção industrial no período. “Esperamos que a economia continue a enfrentar ventos contrários de rígidas condições de financiamento, um mercado de trabalho fraco, altos níveis de endividamento das famílias, fraca demanda externa e confiança de consumidores e empresas ainda contida.”
O IBC-Br foi criado pelo BC para ser uma referência do comportamento da atividade econômica, a fim de orientar a política de controle da inflação pelo Comitê de Política Monetária (Copom), uma vez que o dado oficial do PIB é divulgado pelo IBGE com defasagem em torno de três meses. Ambos os indicadores medem a atividade econômica, mas têm diferenças na metodologia.
O indicador do BC leva em conta variáveis consideradas como bons indicadores do desempenho da economia: indústria, agropecuária e serviços. Já o PIB é calculado a partir da soma dos bens e serviços produzidos na economia.
Fonte: Jornal O Globo