Com dólar em queda, supermercados apostam em importados para o Natal

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          Moeda norte-americana está 15% mais barata neste ano, em relação a 2015, o que levou o setor a ampliar estoques de itens vindos de fora, como frutas cristalizadas, vinhos, azeites e pescados 

 

 

O arrefecimento do dólar durante os primeiros dez meses deste ano ajudou o setor supermercadista a ampliar seus estoques com pescados, azeites, vinhos, queijos e frutas cristalizadas de fora do País, tradicionais alimentos consumidos no Natal. Cotada atualmente a uma média de R$ 3,20, a unidade da moeda norte-americana está 15% mais em conta este ano e facilitou a compra dos produtos por parte das redes. Algumas delas, inclusive, apostam em aumentos médios de 20% nas vendas destes tipos de produtos, como é o caso do Grupo Pão de Açúcar (GPA), detentor das bandeiras Pão de Açúcar, Extra e Assaí. "O Extra trabalha com importações diferenciadas que possibilitam preços competitivos para a composição da mesa natalina. E mesmo com um cenário econômico mais desafiador, a rede deve manter o preço médio praticado em 2015", explica o gerente comercial para perecíveis da bandeira Extra, Marcos Pozzi.

 

Segundo ele, a desvalorização cambial observada durante o ano fez com o que o GPA apostasse mais nos itens importados voltados ao consumo natalino, importando 20% mais produtos em relação ao mesmo período do ano passado. "Apostamos em um crescimento de vendas de 10%, considerando um produto mais em conta do que ano passado, em função da redução do custo da matéria prima e da queda do dólar", afirma. Um dos produtos mais visados nesta época, o bacalhau deve ter suas vendas ampliadas em ao menos 15% em relação ao ano passado, de acordo com dados do GPA. Os concorrentes Carrefour e Walmart pretendem se destacar via a fabricação própria de panetones. Com o consumidor ainda cauteloso, após meses de turbulências econômicas e políticas, as redes francesa e norte-americana acreditam que as vendas de panetones de marca própria, com preços reduzidos frente a outras marcas tradicionais, sigam fazendo sucesso entre os clientes.

 

"Pretendemos comercializar mais de duas mil toneladas de panetones da marca própria The Bakery entre os meses de setembro a dezembro.

Trata-se de um volume 20% superior ao registrado em 2015", indica o a supermercadista Walmart. A companhia também aposta nas cestas natalinas como opção de presente. Ao todo, serão oferecidos quatro tipos de cestas, que variam entre 11 a 27 itens inclusos. Segundo a rede, a previsão é de um acréscimo de 10% nas vendas destas cestas em relação ao ano passado. No entanto, as saídas dos produtos são esperadas para dezembro, quando tradicionalmente acontecem 90% do comércio destes produtos.

 

Não alimentares

A forte variação do dólar neste ano também influenciou a companhia a elevar o leque de produtos voltados a decoração para as festas de final de ano. Além de artigos temáticos de cama, mesa e banho, a rede separou mais de 250 enfeites decorativos, como bolas, guirlandas, pelúcias e almofadas para oferecer ao consumidor. Para o diretor da consultoria especializada SOUMAIS Marketing e Fidelização, Marcelo Jacinto, os supermercadista devem apostar nas bebidas e cestas, que segundo ele serão utilizados pelos clientes como forma de presentear amigos e familiares. "É certo que no Natal as pessoas não abrirão mão da troca de presentes, o que vai mudar é o valor que elas estão dispostas a pagar. Opções mais acessíveis do seguimento de alimentos e bebidas devem chamar atenção do consumidor, principalmente se o supermercadista estiver preparado para essa oportunidade e estimular o consumo". Na visão de Jacinto, em função da crise, os clientes ficam menos dispostos a comprar itens de maior valor agregado - como eletroeletrônicos - mas deverão fazer aquisições de itens ligados ao Natal desde agora, por meio de promoções, e estocar até 25 de dezembro.

 

Cautela

Frente as projeções otimistas dos supermercadistas, a Associação Paulista de Supermercados (APAS) observa a tendência de vendas para o período natalino de forma mais cautelosa. Segundo a entidade, as vendas dos supermercados paulistas neste final de ano devem ter um crescimento real de 1% em relação ao ano passado. Em comparação com anos anteriores o desempenho ficará abaixo, mas diante da atual conjuntura econômica, com expectativa de queda no PIB de 3,5%, a Apas vê o leve aumento de 1% como positivo.

 

"A instabilidade econômica e a falta de otimismo, diante do aumento do desemprego, fará com que as pessoas deixem de investir na troca do carro ou mesmo naquela sonhada viagem, o que nos indica que farão uma ceia mais generosa este ano", opina o gerente de economia e pesquisa da Apas, Rodrigo Mariano.

 

 

Decoração básica

Ao contrário dos shoppings, os investimentos em decoração dos galpões supermercadistas para receber os clientes na época de Natal serão mais básicos neste ano. Redes consultadas pelo DCI afirmam que devem diminuir ou ao menos manter os aportes em decoração para a data nos mesmos valores de 2015.

 

 

"A decoração será realmente mais básica nas lojas. Por aqui, sempre tentamos aproveitar os itens dos anos anteriores e investimos somente em artigos pontuais", diz o diretor comercial do Supermercados Mundial, Sérgio Leite. A companhia carioca, que possui 18 lojas no Rio de Janeiro, planeja lançar a decoração e o lançamento dos produtos voltados às festas de final de ano a partir de 15 e novembro. A estimativa é um crescimento nas vendas entre 12% a 15%.

"Montamos um bom estoque. Nossa expectativa é de boas vendas, principalmente de castanhas e nozes, que nessa época passam a ter apelo junto aos clientes. Passada esta época, estes tipos de alimentos não têm mais apelo", complementa Leite.

 

 

 

 

Fonte: Jornal DCI


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