Ganhos que a varejista teria ao se desfazer da operação da Via Varejo dariam fôlego adicional para fazer investimentos no Assaí e para reforçar foco no ramo alimentar, sem elevar endividamento
São Paulo - Para 2017, o foco do Grupo Pão de Açúcar (GPA) será ainda maior no segmento alimentar, principalmente na rede de atacarejo Assaí - que deve ocupar espaço dos hipermercados Extra. Com a venda do braço de eletroeletrônicos, a Via Varejo, a companhia teria caixa para acelerar o processo de expansão desse segmento sem aumentar o endividamento.
"Com a venda [da Via Varejo] nos encontraríamos em uma situação de caixa excelente. Como o custo do dinheiro no Brasil é muito caro, se tivermos esse capital em caixa vamos poder acelerar muito a expansão do segmento alimentar", afirmou ontem (8) o CEO do GPA, Ronaldo Iabrudi, em conversa com jornalistas no GPA Day.
Apesar de controlado pelo grupo francês Casino, o executivo garantiu que todo o montante que viria com o processo de venda ficaria no Brasil e seria focado para a realização de investimentos nas bandeiras de varejo alimentar do GPA. "O que vamos fazer é investir onde a rentabilidade é maior", disse, completando, no entanto, que ainda não há previsão para a venda. "É um processo lento. Pode demorar meses", afirmou Iabrudi. O executivo apontou ainda que, atualmente, as bandeiras que dão o melhor retorno para a companhia são: primeiro a rede de atacarejo Assaí, seguido pelo modelo de vizinhança Minuto Pão de Açúcar, e depois pelo rede de supermercados Pão de Açúcar.
Aberturas em 2017
Diante disso, Iabrudi afirmou que os planos para o ano que vem são realizar 15 a 20 conversões de hipermercados Extra em Assaí, além de mais seis inaugurações da bandeira, o que daria um mínimo de mais 21 lojas da rede de atacarejo, e um máximo de 26. "Nunca na história do Assaí ele abriu ou converteu tantas lojas em um único ano", disse.
Para 2016, o grupo abrirá mais seis unidades da rede, o que deve aumentar a participação do Assaí nas vendas do segmento alimentar. "Nos últimos anos a participação do Assaí passou de 24% para 37%, enquanto a do Extra caiu de 51% para 40%. Com as novas aberturas essa fatia deve crescer ainda mais", comenta. Em 2017, a empresa prevê também quatro aberturas de supermercados Pão de Açúcar, 10 do Minuto Pão de Açúcar, e nenhuma inauguração para a bandeira Extra. "Para o Extra vamos olhar cada loja, ver o que está indo bem e o que não está indo bem. O que não estiver dando bons resultados vamos avaliar se buscamos melhorar, se convertemos ou se fechamos", afirmou Iabrudi.
Ainda sobre os hipermercados e supermercados Extra, o executivo apontou que a rede deve manter no ano que vem a estratégia de focar em promoções e descontos fortes. "É uma política agressiva para buscar ganhos de market share. O desafio é conseguir equalizar isso com o ganho de rentabilidade", disse. O CEO do GPA sinalizou também que nas últimas cinco medições, desde junho até novembro, o Extra já vem apresentando ganhos seguidos de mercado.
Na conversa com os jornalistas, o CFO do grupo, Christope Hidalgo, ressaltou que o CAPEX (investimentos) para o ano que vem ficará em nível similar ao deste ano, que deve fechar em aproximadamente R$ 1,6 bilhão. "A parte voltada para o ramo alimentar será ligeiramente maior que o previsto para o não-alimentar", disse Hidalgo. Questionado sobre para quando a empresa espera uma possível retomada do varejo como um todo, Iabrudi afirmou que o GPA trabalha com uma perspectiva de crescimento a partir do segundo semestre de 2017.
Pedro Arbex
Fonte: DCI - São Paulo