Quebra na safra 15/16 impulsiona seguro rural

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A arrecadação do segmento subiu 8,3% de janeiro a outubro ante igual período de 2015 e também superou o montante obtido em 2014. O desafio é melhorar a oferta de produtos aos agricultores




São Paulo - No ciclo de 2015/2016, adversidades climáticas, principalmente no Centro-Oeste, acarretaram a perda de 21,4 milhões de toneladas na safra nacional de grãos. O prejuízo levou os agricultores a um movimento preventivo e elevou a procura por seguro rural. Só entre janeiro e outubro deste ano, a arrecadação das seguradoras com o produto cresceu 8,3% em relação ao mesmo período de 2015. A carteira atingiu de R$ 2,99 bilhões, na mesma comparação. O valor supera o volume total arrecadado com seguro rural em 2014, de R$ 2,894 bilhões. As informações foram levantadas pela Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg), com base em dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep).


"As contratações vinham em ascensão e houve uma aceleração com os eventos climáticos mais recentes", avalia o presidente da Comissão de Seguro Rural da FenSeg, Wady Cury.


Na temporada passada, o fenômeno climático El Niño intensificou a estiagem e gerou falta de chuvas em algumas das maiores regiões produtoras de grãos, como Mato Grosso e Goiás. Ali, as lavouras de milho, feijão e soja foram as mais prejudicadas. Algodão e o cacau na Bahia sentiram os efeitos, além do café conilon no Espírito Santo.


O presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado do Mato Grosso Aprosoja-MT), Endrigo Dalcin, lembra que o prejuízo foi maior nas regiões leste e norte mato-grossenses, cujos 26 municípios decretaram estado de emergência. Por falta de produto, houve um alto índice de renegociações de dívidas com tradings e bancos.


"Em vista de tantos problemas, o produtor agora entende que o seguro não é custo", enfatiza o executivo da FenSeg. Em se tratando de demanda, o diretor executivo da Tovese Corretora de Seguros, Otávio Simch, acredita que o crescimento será constante e a expectativa é de um forte avanço na temporada de 2017/2018.

 


Gargalos
Visto que a demanda não é motivo de preocupação para o setor, os olhos se voltam para a oferta - e é aqui que, hoje, moram os maiores gargalos. O próprio representante das seguradoras aponta que os produtos oferecidos carecem de diversas melhorias.


O primeiro entrave está na necessidade de compreensão do Brasil enquanto um país continental, que pode ter seca de um lado e excesso de chuvas do outro. "Para cobrir os extremos climáticos você precisa de muita estrutura operacional", analisa Cury. Outro ponto, atrelado à questão estrutural, é a capacitação de profissionais que conheçam, de fato, a realidade do agricultor. Para o executivo, o uso de médias de produtividade de institutos, como o IBGE, por exemplo, como base pode induzir ao erro por não refletir os reais resultados das mais distintas lavouras.


Por último, a crítica do setor vai para o sistema de subvenção do governo federal. O consenso do mercado é que valores como os atuais R$ 400 milhões previstos no orçamento do Ministério da Agricultura para o segmento, não cobrem nem a metade da produção de grãos nacional. Deste montante, nesta semana foram liberados R$ 100 milhões. "Não discuto o aspecto econômico do País, mas o modelo de subvenção precisa ser mais seguro", pondera Cury, no sentido de dar margem para que o produtor se programe a longo prazo.


Atualmente, com a subvenção, o Ministério paga parte do seguro adquirido pelo produtor, com margem que varia de 35% a 45% do valor total do prêmio (preço). Um grupo de trabalho criado pela pasta, do qual Cury faz parte, entregou um relatório em novembro ao ministro da Agricultura, Blairo Maggi, com possíveis saídas. Uma das sugestões foi a diversificação nas fontes de financiamento do seguro, com a inclusão de tradings e indústrias de insumos na ponta, tal como ocorre no crédito rural. O documento foi reconduzido para análise por mais 90 dias.



Nayara Figueiredo

 



Fonte: DCI - São Paulo

 

 

 


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