Brasil perde espaço na exportação global de café

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A quebra na produção de café conilon na safra 2016/17 no Espírito Santo e a escassez de oferta do arábica no início do ano passado fizeram o Brasil reduzir suas exportações totais de café em 2016 e perder espaço nos embarques mundiais do grão. Segundo levantamento do Conselho de Exportadores de Café do Brasil (CeCafé), o país exportou, no ano passado, 34 milhões de sacas, 8,1% abaixo de 2015.


Com esse resultado, a participação do Brasil nas exportações globais ficou em 29%, estimou o Cecafé, considerando dados mais recentes da Organização Internacional do Café (OIC). Essa é a menor fatia no comércio global desde 2012. Em 2015, a participação do país nos embarques globais havia sido de 32%. Como indicam os dados da OIC, o Brasil perdeu fatia de mercado para exportadores de café robusta - a mesma espécie do conilon - como Vietña e Indonésia.


A perda de espaço no mercado internacional foi ocasionada principalmente pela forte retração dos embarques de café conilon, que se limitaram a 580 mil sacas em 2016, uma queda de 86,2% em relação ao ano anterior, cravando o pior resultado desde 1997. A oferta de conilon no país, nas duas últimas safras, foi afetada principalmente pela seca no Espírito Santo, principal Estado produtor do país.

 

Já os embarques do café arábica bateram recorde, alcançando 29,6 milhões de sacas, volume 1,2% superior ao de 2015. Nelson Carvalhaes, presidente do Cecafé, disse, durante a apresentação dos resultados, que o Brasil manteve sua participação nos mercados internacionais no caso do arábica. Com a queda no volume total embarcado de café pelo Brasil, a receita cambial com as vendas recuou 12,3%, para US$ 5,4 bilhões - o pior resultado desde 2013. Essa receita também foi afetada pela queda do dólar no primeiro semestre do ano, o que reduziu em 4,5% o preço médio do café exportado, para US$ 158,68.


O valor do café exportado foi aumentando ao longo do ano com a recuperação das cotações internacionais. O preço médio do café conilon vendido ao exterior acumulou alta de 65%, superando os US$ 2 mil a saca em dezembro. O preço médio do arábica, por sua vez, acumulou ganho de 22% no ano, aproximando-se de US$ 2,5 mil a saca no último mês de 2016, segundo o Cecafé.


Em relação a este ano, Carvalhaes acredita que os embarques de café deverão "repetir o desempenho" de 2016 diante das expectativas preliminares de uma "boa safra de café arábica" no ciclo 2017/18 e de mais uma produção restrita do café conilon no país na temporada.


Segundo ele, os embarques deverão voltar a recuar de "forma acentuada" no segundo trimestre deste ano diante da redução da disponibilidade interna do produto, como ocorreu em 2016. O dirigente ressaltou, porém, que ainda é cedo para cravar uma projeção, já que uma estimativa para a produção da safra 2017/18 de café no Brasil só ficará mais clara entre março e abril.

 

Eduardo Eron, diretor técnico do Cecafé, avaliou que a bienalidade das safras de café - que consiste na alternância de aumentos e recuos de safra - vem diminuindo nos últimos anos, embora ainda persista, o que torna mais incerto avaliar as perspectivas para 2017/18, um ano de bienalidade menor.

 

 

 

Por Camila Souza Ramos



Fonte: Valor Econômico

 

 

 


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