Johnson & Johnson, International Paper e Hewlett Packard Enterprise veem negócios melhores no segundo semestre de 2017, mas retomada depende de crescimento da confiança do brasileiro
São Paulo - O aumento da demanda interna na segunda metade de 2017 está no radar dos executivos da Johnson & Johnson, International Paper e Hewlett Packard. Essa é a principal aposta dos fabricantes de bens de consumo para voltar a crescer ao longo deste ano. "O primeiro trimestre continuará difícil, mas no segundo ou terceiro esperamos que comece a aquecer. A expectativa é que vindo uma estabilidade política e econômica, as famílias fiquem mais tranquilas e voltam a comprar", disse a presidente de consumo da Johnson&Johnson, Suzan Rivetti. Ela projeta alta de um dígito nas vendas em 2017 sobre 2016, com melhor equilíbrio de volume e preço.
De acordo com o sócio da consultoria McKinsey, Bruno Furtado, a correta precificação dos produtos está entre as principais estratégias para melhorar a rentabilidade da indústria. "A precificação é o mais eficiente para blindar o lucro da empresa, mas essa é uma alavanca sensível, controversa e que dá trabalho para ser aplicada", contou ele.
Em um estudo sobre o efeito das promoções nas empresas, Furtado descobriu que até 70% das promoções resulta em prejuízo, mesmo quando elevam o volume de produtos vendidos. A identificação de nichos e regiões com maior potencial de demanda é outra estratégia recomendada. "Estar no lugar certo e na categoria certa traz mais resultado do que ganhar participação de mercado", explicou o consultor. Para isso, segundo ele, as empresas devem investir na área comercial e identificar oportunidades.
"Temos que entender não só o nosso cliente direto, mas da indústria na qual atuamos, porque quem souber se posicionar terá melhores resultados", acrescentou o presidente da Hewlett Packard Enterprise (HPE), Luciano Corsini, ao defender aportes a importância dos aportes na área comercial. Corsini contou que a HPE espera elevar as vendas para empresas de tecnologia, um dos poucos segmentos que continua em alta apesar da crise. "Muitos clientes da companhia são empresas disruptivas, que estão crescendo e mudando o mercado mesmo no momento atual", revelou.
Já a International Paper (IP), gigante do setor de papéis para imprimir e embalagens, prevê resultados melhores, impulsionados pela volta das encomendas na indústria, em geral. "O resultado de 2017 vai depender muito do crescimento da economia brasileira, mas acredito que teremos um segundo semestre mais aquecido", afimou o presidente da IP no Brasil, Rodrigo Davoli, que participou com os outros dois executivos de um seminário promovido neste quarta-feira (8), em São Paulo, pela Câmara Americana de Comércio Brasil-Estados Unidos (Amcham).
Incertezas
Uma sondagem divulgada ontem pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) revela que a incerteza econômica foi a principal razão para a frustração dos planos de investimento de 80% das empresas em 2016 e motivo para a decisão de não investir em 2017 de 89% das empresas.
O levantamento mostra ainda que, dentre as que pretendem investir - em geral empresas de grande porte -, inovação de produtos e processos devem receber a maior parte dos aportes, "visto que, em um cenário de grande ociosidade, a busca por maior competitividade aumenta". "Investimos tanto na fábrica, acompanhando as vendas, como em marketing e P&D", contou Suzan. A J&J concentra no País o desenvolvimento de produtos para proteção solar e shampoo infantil.
Jéssica Kruckenfellner
Fonte: DCI - São Paulo