Com a ajuda das safras de grãos e dos cortes na Selic, a melhora da economia já deve acontecer no primeiro trimestre deste ano; projeção para os últimos meses de 2016, entretanto, é de recessão
São Paulo - Um crescimento considerável da agropecuária e uma leve recuperação da indústria devem puxar o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro para cima neste ano, de acordo com projeções de consultorias entrevistadas pelo DCI.
Para a GO Associados, esse cenário já deve ser visto no primeiro trimestre de 2017, com uma disparada de 6% da agropecuária e um crescimento de 0,2% da indústria, na comparação com os últimos três meses de 2016 (na margem). O ramo de serviços, entretanto, deve ficar estável no período. Com isso, o PIB total avançaria 0,3% entre janeiro e março.
As projeções da GO para o resultado fechado do ano seguem na mesma linha do primeiro trimestre, com aposta de aumento de 6% para o setor primário e alta de 1,2% na produção de manufaturados. Os serviços, mais uma vez, devem ter resultado mais tímido, com avanço de 0,3%. Nesse cenário, o PIB brasileiro teria crescimento de 0,8% em 2017.
"A melhora das safras deve puxar o aumento da agropecuária, enquanto que a redução dos juros e a recuperação da confiança devem favorecer a indústria", diz Luiz Fernando Castelli, economista da GO. "Como o consumo das famílias, que está mais ligado ao comércio, deve demorar mais para crescer, o setor de serviços deve ter o pior resultado".
As estimativas da Tendências Consultoria são semelhantes. Para o primeiro trimestre deste ano, são esperados números melhores, na margem, para a agropecuária (+0,9%) e indústria (+0,6%) do que para serviços (+0,2%). Com isso, o PIB do primeiro trimestre deve avançar 0,4%.
Para o acumulado de 2017, as projeções também são de aumentos para os três setores, com destaque para o impacto da retomada das produções de soja e milho para a economia, aponta Rafael Bacciotti, economista da Tendências.
Após a quebra das safras no ano passado, a venda de grãos deve disparar em 2017, puxando a agropecuária (+3%) e ramos da indústria relacionados à produção de alimentos, o que deve resultar em um avanço de 1,5% para o setor de manufaturados, diz Bacciotti.
"Partes de outros ramos industriais, como bens da capital, automotivo e extrativo também devem subir no ano", acrescenta o economista.
Ainda devem ajudar a atividade econômica os aumentos previstos para exportações (+3,5%) e formação bruta de capital fixo (+2,2%).
A fraqueza da demanda, por outro lado, deve conter o resultado de serviços (+0,3%). Com isso, o PIB de 2017 fecharia com alta de 0,7%.
Alta
O governo também aposta que a recessão deve acabar no primeiro trimestre. Exemplo disso são as declarações do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, que indicam um crescimento moderado do PIB nos primeiros meses de 2017.
As consultorias também enviaram suas projeções para a atividade econômica do quarto trimestre do ano passado, cujo desempenho oficial será divulgado amanhã pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Para ambas, o período entre outubro e dezembro, assim como os outros três trimestres de 2016, também foi de recessão. A GO vê queda de 0,5% na atividade, na margem, enquanto a Tendências prevê retração de 0,4%. As duas instituições concordam, entretanto, que o PIB acumulado de 2016 termina com baixa de 3,5%.
Nos esboços da GO, são estimadas diminuições, no quarto trimestre, para serviços (-0,5%) e indústria (-1%) e expansão para agropecuária (+1,5%).
A Tendências segue direção semelhante, com aposta de queda para serviços (-0,5%) e indústria (-0,9%) e alta para agropecuária (+1%). Também chamam atenção as projeções desta última consultoria para investimento e exportações nos três meses finais de 2016. São esperados recuos de 11,5% e de 2,5%, respectivamente.
Renato Ghelfi
Fonte: DCI - São Paulo