Com movimento ainda fraco, comerciantes afirmam que os valores vão subir na reta final para a Páscoa
A maresia está longe, mas o cheiro é de água salgada. No miolo do Recife, mais precisamente no Mercado de São José, o peixe, produto tradicional da Páscoa, ainda custa igual ao ano passado ou, no máximo, com até 8% de aumento. Mas o movimento de clientes ainda é fraco e os vendedores já avisam: quem não aproveitar agora vai encontrar um acréscimo de 15% na próxima semana.
Quem for ao mercado ainda esta semana, por exemplo, pode encontrar corvina por R$ 12, cioba a R$ 25, atum custando R$ 17, anchova e tainha por R$ 13. Mas quem deixar para última hora terá que desembolsar R$ 14 pela corvina; R$ 30 pela cioba e R$ 17 pela anchova. Já na área de crustáceos, o aumento se repete.
O camarão cinza deixará de custar R$ 27 para valer R$ 30, o camarão pré-cozido passa de R$ 48 para R$ 55 e o marisco vai de R$ 12 para R$ 15. Segundo o dono de um dos balcões, Orisvaldo Dionísio, a responsável pelos preços mais altos é a inflação. "A tradição está perdendo lugar para a necessidade", coloca.
Mas garantindo-se nos cristãos que não abrem mão do peixe na Semana Santa, os vendedores também levam a tradição a sério. Petrúcio da Silva, dono de um dos balcões, trabalha com peixes há 46 anos e lamenta não porque a situação não está tão boa quanto em outros anos. "Muita gente vinha com antecedência, mas até agora nada", relata com pesar.
Mas mesmo diante da circulação reduzida de compradores, o sentimento dos comerciantes ainda é de esperança. Todos esperam que os ‘retardatários', por assim dizer, esquentem as vendas na próxima semana. "Muita gente deixa para comprar em cima da hora porque prefere levar o peixe fresco para cozinhar no mesmo dia", pensa positivo o vendedor Denilton Gomes. A mesma expectativa tem a vendedora de mariscos Josileide da Silva. "Esperamos que melhore mesmo na semana que vem", acredita.
Se a expectativa dos vendedores se concretizar, a pesquisa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) estará certa em estimar que o período da Páscoa ampliará em 1,3% as vendas em comparação com 2016. E, ainda, que o feriado deste ano seja o primeiro com maior aumento real de faturamento desde 2014 (quando o volume de vendas foi 2,6%).
Parte desta recuperação está associada, segundo a entidade, com a melhora dos preços - já que a média da cesta de produtos e serviços demandados na data (4,6%) foi menor que a Páscoa de 2008.
Fonte: Folha de Pernambuco