O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, admitiu na segunda-feira (29) que um atraso na aprovação da reforma da Previdência pode afetar o resultado do PIB no ano. Ele reafirmou, no entanto, que está otimista com a votação da proposta do Congresso e negou a possibilidade de um plano B para garantir a aprovação de ao menos parte das mudanças defendidas pelo governo.
“Não é real [a existência de um plano B]”, resumiu Meirelles, durante fórum da revista Exame sobre reforma da Previdência, em São Paulo. Aos jornalistas, ele descartou a possibilidade de alterar as regras da Previdência por meio de medida provisória. A informação de que o governo estuda alternativas para reforma foi publicada pelo jornal "O Globo".
Durante o evento, Meirelles voltou a defender a aprovação da reforma da Previdência pelo Congresso Nacional. Ele disse que espera que a votação ocorra na primeira quinzena de junho, seguindo cronograma apresentado pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia.
Ele afirmou que um eventual atraso na votação não fará diferença para os cofres públicos, mas para a formação de expectativas da economia brasileira.
"Se houver atraso de alguns meses, não será isso que vai fazer uma diferença enorme do ponto de vista fiscal a longo prazo. No entanto, para formação da expectativa, para continuar aumentando o grau de confiança para as pessoas investirem, produzirem, consumirem, é importante que a reforma seja aprovada o mais rápido possível", afirmou em entrevista a jornalistas em SP.
Questionado se o atraso afetaria também o resultado do PIB, Meirelles admitiu a chance do Brasil crescer menos do que o previsto. "Pode afetar a taxa de crescimento, sim. Na medida em que se atrasa [a aprovação da reforma], pode crescer um pouco menos", disse.
Retomada do crescimento
O ministro voltou a ressaltar, entretanto, que o país já voltou a crescer e que espera um "crescimento forte durante o ano", chegando no quarto trimestre a uma taxa de 2,7% na comparação com o quarto trimestre de 2016. Na comparação com o trimestre anterior, Meirelles disse que espera crescimento de 0,7% no PIB do primeiro trimestre, repetindo projeção anunciada anteriormente.
Questionado se há clima para avançar com as votações em meio à crise política envolvendo o presidente Michel Temer, Meirelles voltou a afirmar que a reforma da Previdência é uma agenda do país e não do governo.
"A nossa perspectiva é de aprovação", disse o ministro, acrescentando ter confiança de que "na hora do voto" o apoio de parlamentares à reforma "será muito maior do que parece".
Substituto de Temer?
Questionado se é um possível substituto de Temer na possibilidade de uma eleição indireta, Meirelles foi evasivo. “Eu não trabalho com hipóteses. Eu não gasto tempo pensando nesse assunto”, disse Meirelles. “O meu cenário base é que o presidente Temer vai concluir seu mandato em 2018.”
Questinado sobre os outros cenários possíveis, embora tenha mais uma vez evitado falar sobre o seu papel e possível candidatura numa eventual saída de Temer, o ministro fez duras críticas a política econômica dos governo anterior e avaliou que não há espaço "para voltar atrás".
"Não vejo possibilidade de voltar o Brasil a uma política econômica que fracassou, que levou o Brasil à recessão", afirmou.
Ele disse ainda que está focado no seu trabalho, que é “botar o Brasil para crescer”.
Fonte: Portal de Notícias G1