Indicador de antecedente de emprego volta a cair com a crise institucional

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São Paulo - A crise institucional que se arrasta desde meados de maio impactou negativamente o Indicador Antecedente de Emprego (IAEmp), que voltou a cair no mês passado (-1,2%) contra abril, a 99,3 pontos, após crescer 10,5 pontos no primeiro trimestre.

 

O IAEmp é calculado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV) e mede a perspectiva de geração de emprego no Brasil durante os próximos seis meses.

 

Os componentes que mais contribuíram negativamente para a retração do IAEmp foram os indicadores que medem o grau de satisfação com a situação dos negócios no momento atual e o otimismo para os próximos meses, ambos da Sondagem da Indústria, com variações de -4,3 e -3,6 pontos, respectivamente.

 

De acordo com o pesquisador da área de economia aplicada do Ibre, Fernando de Holanda Barbosa Filho, a queda do indicador em maio chegou a capturar os efeitos negativos desencadeados a partir do dia 17 de maio, quando conteúdos de delações premiadas de executivos da JBS, envolvendo o presidente Michel Temer, começaram a ser revelados.

 

"Todas as previsões apontavam que o fundo do poço do mercado de trabalho aconteceria neste segundo trimestre e que a recuperação da atividade econômica ajudaria em uma retomada lenta e gradual do mercado de trabalho ainda neste ano, porém com uma volta mais forte do emprego só em 2018", comenta Barbosa Filho.

 

Na avaliação dele, como o IAEmp ainda se encontra em um patamar elevado (99,3 pontos), esta análise mais positiva ainda é válida, porém resta saber qual será a extensão deste desempenho frente às incertezas que se colocam no cenário político e também no econômico, como as dúvidas sobre o encaminhamento das reformas, principalmente a da Previdência Social.

 

Barbosa Filho diz que, mesmo antes dos acontecimentos de maio, as projeções de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) já vinham sendo revisadas "suavemente" para baixo por uma parte do mercado, indicando que a retomada do emprego aconteceria de forma lenta neste ano.

 

Agora, com o aprofundamento da crise, essa trajetória pode se tornar ainda mais gradual e ser postergada. "Porém, temos que avaliar como será a variação do IAEmp nos próximos meses para termos uma ideia melhor da trajetória", afirma Barbosa Filho.

 

Contudo, até antes de meados de maio, o pesquisador projetava que o mercado de trabalho começaria a reagir no segundo semestre, passando a se recuperar por meio do emprego informal, seja por parte do trabalho por conta-própria ou sem carteira assinada. Já a retomada do trabalho formal ficaria mais para 2018.

 

O professor de economia da Universidade Presbiteriana Mackenzie Ulisses Ruiz de Gamboa acrescenta que os desdobramentos do julgamento da chapa Dilma-Temer, por parte do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), bem como o resultado do inquérito aberto contra o presidente pelo Supremo Tribunal Federal (STF), colocarão outros cenários para a recuperação da atividade econômica e, portanto, para o mercado de trabalho.

 

"Como não sabemos o que esses acontecimentos provocarão na economia e na política, fica difícil traçar um prognóstico", diz Gamboa, ressaltando, por outro lado, que as atividades ligadas à exportação, tanto na agropecuária como na indústria, tendem a ter um desempenho mais positivo, em termos de emprego, do que os demais subsegmentos da economia, como a indústria voltada para o mercado interno brasileiro.

 

Os serviços, por sua vez, é o setor que deve continuar registrando números mais negativos, pelo fato de ser dependente da renda e do nível de emprego da população. "O mercado de trabalho é o último a registrar queda em uma conjuntura de crise e o último a se recuperar quando a atividade começa a crescer. Como os serviços dependem de renda e consumo, este é o último setor que deve voltar a ter expansão", pontua Barbosa Filho.

 

Condições atuais

 

Já o Indicador Coincidente de Desemprego (ICD), que mede as condições atuais do mercado de trabalho, recuou 0,1 ponto em maio contra o mês anterior, para 97,3 pontos. "Nós observamos que houve um recuo do ICD desde o começo do ano até maio, mês em que houve uma certa estabilidade. Essa trajetória está em linha com o que está acontecendo no mercado de trabalho do País. Exemplo disso são os últimos dados publicados pelo IBGE [Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística]", diz Barbosa Filho, referindo-se à leve queda da taxa desemprego no trimestre encerrado em abril (-0,1 pontos), ante o trimestre finalizado em março, alcançando 13,6%, ou seja, 14 milhões de pessoas.

 

 

Fonte: DCI São Paulo

 

 


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