A redução da tarifa da energia elétrica anunciada no fim de maio ajudou a reduzir o custo de vida em Belo Horizonte no mês passado. Em junho, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) da capital mineira registrou queda de 0,07% na comparação com o mês anterior e voltou a apontar deflação. Essa foi a terceira vez em 2017 que o indicador identificou recuo mensal dos preços no município. As outras duas foram em fevereiro (-0,43%) e abril (-0,46%). Os dados são da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
A queda de 1,79% no custo dos produtos administrados - que representam gastos com transporte, combustíveis, energia, entre outros - foi a que mais pesou para a deflação dentre os 11 itens agregados que compõem o IPCA. O recuo nos preços dos alimentos in natura (-8,68%), bebidas em bares e restaurantes (-3,80%) e despesas pessoais (-0,87%) também ajudou na variação negativa em Belo Horizonte.
Na análise por produtos, as maiores contribuições vieram da tarifa de energia elétrica residencial, 10,43% menor em junho, excursões (-13,99%), gasolina (-2,54%), ingresso para jogo (-40,90%) e cerveja em bares (-5,28%). No fim de maio, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou que a conta de luz dos clientes residenciais da Cemig, responsável pelo fornecimento do serviço na Capital, ficaria 6,03% mais barata.
"Em 2017, já tivemos outras duas deflações - em fevereiro e abril -, então, no acumulado do ano a inflação está bem abaixo da meta. O comportamento do IPCA este ano tem sido bem diferente do registrado nos últimos dois anos", avalia a coordenadora de pesquisa e desenvolvimento da Fundação Ipead, Thaize Vieira Martins Moreira.
De janeiro a junho, o IPCA em Belo Horizonte ficou em 1,76%. Nos últimos 12 meses, o indicador está em 3,08%, bem abaixo do centro da meta de inflação de 4,5% estabelecido pelo Banco Central para o País neste ano.
Cesta básica
Acompanhando o recuo dos preços, o custo da cesta básica também foi menor na Capital em junho. No último mês, os gastos de um trabalhador adulto com a alimentação caíram 2,95%. O valor da cesta foi calculado em
R$ 392,76, o equivalente a 41,92% do salário mínimo (R$ 937). "A cesta básica está com comportamento ainda mais acentuado de queda. Essa foi a segunda retração consecutiva e, no acumulado do ano, o seu custo também mostra recuo", pondera Thaize Moreira.
Entre os produtos responsáveis pela queda estão o tomate Santa Cruz (-26,58%), a banana- caturra (-21,13%) e a batata-inglesa (-7,43%). O feijão carioquinha até teve uma alta considerável (21,76%) em junho, mas que não foi suficiente para gerar uma variação positiva no preço da cesta. No ano, o valor da cesta básica já acumula recuo de 5,40%, e, em 12 meses, de 4,57%.
A melhora dos indicadores, no entanto, ainda não parece suficiente para estimular o consumo. De acordo com a coordenadora do Ipead, apesar da elevação de 8,04% em junho frente a maio, o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) de Belo Horizonte medido pela fundação ficou em 35,34 pontos. Abaixo dos 50 pontos, o indicador ainda mostra pessimismo por parte do belo-horizontino.
"Na realidade, os consumidores só estão um pouco menos pessimistas, mas o indicador ainda está bem abaixo da barreira que separa o pessimismo do otimismo. Os componentes emprego e situação econômica do País são os que apresentam o maior índice de pessimismo, que tem relação com a crise política enfrentada pelo Brasil", completa.
A pesquisa mensal da entidade sobre taxas de juros em Belo Horizonte mostrou ainda que, em junho, houve redução da maioria das tarifas médias praticadas em empréstimos para pessoa física. Já a taxa média de juros para empréstimo de capital de giro voltou a subir.
RMBH
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou na sexta-feira o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) de junho. De acordo com o órgão, também houve deflação na RMBH, que fechou o mês com variação negativa nos preços de 0,48%. O percentual foi o menor entre as 13 áreas pesquisadas, sendo que todas apresentaram recuo no indicador. No Brasil, o IPCA foi de -0,23%.
Dos nove grupos que compõem o indicador, habitação (-2,21%) foi o que teve maior influência para a queda, com destaque para os subitens energia elétrica residencial (-10,68%), esponja de limpeza (-7,05%) e cimento (-2,41%). Alimentação e bebidas (-0,77%) e transportes (-0,45%) também deram suas contribuições. No acumulado do ano, a inflação na RMBH está em 0,59%; em 12 meses, o IPCA é de 2,21%, a terceira menor variação do País.
Fonte: Diário do Comércio de Minas