Estimativas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) apontam que, no início de sua vigência em janeiro de 2018, a Taxa de Longo Prazo (TLP) deve resultar em 3,2%, disse ontem, Fabio Giambiagi, superintendente da instituição.
Giambiagi participou de audiência pública que debate a Medida Provisória (MP) 777, que cria a TLP. O cálculo conta com a chance da inflação fechar o ano em 3,8%.
A TLP vai refletir mais de perto o custo de captação do Tesouro, eliminando o subsídio implícito ao longo de cinco anos. Isso porque o cálculo da taxa é vinculado à NTN-B, título público atrelado à inflação. A ideia do governo é que a nova Taxa de Longo Prazo possa variar mês a mês, mas não mude uma vez fixada em determinado contrato de financiamento. Ela será aplicada em contratos assinados a partir do início de 2018, segundo a proposta do governo.
Giambiagi ressaltou ainda que, entre 2022 e 2023, uma estimativa realista para o juro real da NTN-B de cinco anos é 3,5%. Neste cenário, o desafio para o BNDES será dado não pelo aumento da TLP, mas sim pela queda da taxa real de mercado. "Isso obrigará o BNDES a ser mais competitivo, com custos menores, spreads menores, prazos menores e maior disputa por clientes", disse o superintendente.
A TLP foi criada com o objetivo de reduzir a diferença que há hoje entre o custo que o Tesouro Nacional paga ao mercado para se financiar, que é a Selic (em 10,25% ao ano) e a taxa que a União cobra nos empréstimos ao BNDES, que é a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), em 7% ao ano.
Nos quatro primeiros meses do ano, o governo já teve custo de R$ 5,97 bilhões por conta dessa diferença de taxas nos empréstimos (o chamado subsídio implícito). Mas no passado recente, com um diferencial de juros ainda maior, essa conta chegou a mais de R$ 20 bilhões em 2014.
Reviravolta
Após ter criticado abertamente a nova TLP, o presidente do BNDES, Paulo Rabello, voltou atrás ontem. Ele negou ter se reunido com o relator da MP, deputado Betinho Gomes (PSDB-PE), para pedir alterações no projeto enviado pelo governo federal.
Na audiência, Giambiagi ressaltou que o banco, como órgão público, "endossa" a proposta do governo para a criação da nova taxa. "Nos deparamos com o fim de uma era de juros altos, desembolsos contracíclicos e o alto diferencial entre a Selic e a TJLP."
O superintendente destacou ainda que a ex-presidente do BNDES Maria Silvia Bastos Marques passou a enfatizar a importância do suporte do banco a pequenas empresas, uma filosofia corretamente mantida pelo atual presidente, Paulo Rabello de Castro. "É desafio importante para instituição", alertou.
Na mesma audiência, o diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central (BC), Tiago Couto Berriel, defendeu ainda que a TLP) vai ampliar o poder de ação da política monetária. "A política monetária seria mais eficiente para estabilizar inflação e atividade", disse durante a discussão realizada ontem.
Fonte: Estadão Conteúdo